sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Partilhas XXXVI


Partilhar o balanço de um ano de existência nem sempre é fácil... até mesmo fazê-lo... Por isso 2012 fica guardado como o ano da agitação e o único balanço que faço dele, é que felizmente traz 2013 logo depois de si! 


Muitos desafios... Muitas conquistas... Que 2013 seja o ano dos bons ventos e das boas marés!

Historias XXXVI

Ficou a trabalhar até tarde, já todos tinham saído para as suas vidas e ela tinha ali ficado. Era noite de passagem de ano e tinha recusado todos os convites, não queria estar em nenhum daqueles sitios, nem com nenhuma daquelas pessoas.

Foi-se deixando ficar na sua secretaria a resolver assuntos adiados ao longo das últimas semanas, à medida que as horas iam passando. Pegou no telemóvel para ver as horas quando se apercebeu que estava desligado, ligou-o ao carregador, mas esqueceu-se de o ligar. Resolveu terminar mais um documento, e depois ia para casa. 

Mora sozinha há cerca de seis meses e ainda sente um vazio grande quando entra em casa e não tem ninguém à espera. 

Desliga o computador, pega no telemóvel e nas suas coisas e vai embora. Desliga a luz, olhando para trás com um sorriso no rosto, como se ali conseguisse ser feliz por um bocadinho. 

Entra no carro e pensa que não tem nada especial para jantar, resolve parar num restaurante que encontra no caminho e escolhe algumas coisas para levar para casa. Pega em tudo, põe no carro e segue rumo a casa. Pára num sinal vermelho e vem-lhe à memoria a sua passagem de ano do ano anterior... apercebe-se que ainda não fez o balanço do ano, mas rapidamente percebe que muita coisa mudou e muita coisa ficou pelo caminho.

Passa algum tempo à procura de um lugar para estacionar, não queria que fosse longe porque ainda tem algumas coisas para levar para casa. Passa duas vezes perto de um carro que lhe parece familiar, mas não liga. 

Aquela casa tinha sido escolhida pelos dois, mas seria para ele... Ainda lhe dói  pensar que tudo acabou... ainda lhe custa a aceitar que está ali sozinha... Mas sabe que tem que ser assim, não dava mais para continuar a aceitar o comportamento pouco determinado e pior, a agressividade e impulsividade que o tornavam numa pessoa que a assustava. Assim, ele foi embora, e ela ficou... sozinha! Têm sido meses difíceis porque ele não desiste, e ela só quer ser livre e feliz! Nos últimos dias ele deixou de a procurar e ela pensa que talvez tenha decidido começar o novo ano a bem. 

Finalmente encontra um lugar, estaciona, tira as coisas do carro, abre a porta do prédio, sobe as escadas, mete a chave à porta e a porta não estava trancada. Pensa em como é possível ter-se esquecido disso. 

Vai directa à cozinha pousar as compras, depois vai ao quarto deixar a mala e o resto das coisas, dirige-se à sala, acende a luz e dá um grito... 

Talvez ele tenha mesmo resolvido começar o ano a bem... ao lado dela, tal como no ano anterior!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Dias XXV

Um dia vai ser Natal!

Hoje é noite de Natal! Hoje nasce o menino! Hoje nasce a esperança de um novo caminho, a esperança de uma vida melhor, de mais concretizações, mais desafios, de um passo em frente rumo ao objectivo final que é a Felicidade!

Ainda que nem tudo seja bom, ainda que haja magoa, desilusão, ainda que não estejam ao nosso lado todas as pessoas que gostaríamos, ainda que o nosso corpo e o nosso pensamento não partilhem o mesmo espaço físico, importa sentir este dia, como o Renascimento da Fé em Jesus Cristo, mas da fé em nós mesmos.... 

Hoje fica o desafio, o desafio de acreditarmos em nós e na nossa capacidade de fazer o caminho para lá chegar. 

Se hoje não pode ser como sonhámos, ou como gostaríamos que fosse, é porque ainda não tem que ser, e assim quando for vai ser tão melhor, tão mais intenso... é assim com tudo o que queremos e nos dá luta para o conseguirmos... 

Mais que um Feliz Natal, é dia de desejar que sejam capazes de deixar a esperança entrar nos vossos corações!

Encontros XVI

Há encontros que nos marcam para a vida, que nos mudam a vida e nos confirmam os caminhos que vimos trilhando pouco a pouco. 

Há momentos que desejamos muito, mas que nunca pensámos como iriam acontecer, na realidade acho que nem nunca pensámos que iriam acontecer... 

Quando o céu e o mar se juntam no infinito, quando dois corações se unem numa vida e dois seres se encontram debaixo na mesma luz nada mais que um "SIM para sempre" pode surgir... 

Encontrar na resposta a uma pergunta sincera o caminho do futuro, é certamente assustador, mas é também o encontro perfeito com quem somos. E se por um lado, é difícil perceber que afinal somos quem julgámos nunca vir a ser, por outro lado, começa a ser bom sermos não quem somos, mas sermos com quem somos... 

E este encontro resultou no último pedido, no definitivo... E não poderia ter como banda sonora outra... Só o mar nos consegue mostrar como nos devemos comportar perante a vida... Renascer a cada dificuldade, mostrando sempre que o caminho continua. 

E este encontro foi mais um, de tantos que aí vêm, mas foi o encontro por tudo o que dele vai surgir!


domingo, 16 de dezembro de 2012

Família I



Começou há mais de sete anos o sonho de uma família. Dois jovens, na flor da idade, com a certeza de que tudo é possível e vendo apenas as coisas boas, não pensando nas dificuldades, deixaram-se apaixonar de forma tão rápida como intensa. Durante alguns meses conseguiram manter a chama da paixão, a entrega ao mundo da ilusão e dos sonhos... mas as diferenças, a distancia, e os esfriar dos sentimentos acabou por determinar o final drástico e definitivo de uma relação que, na verdade acabou por não deixar grandes estragos. 
E passaram sete anos na vida de cada um... caminhos distantes e desconhecidos, nunca mais falaram, nem souberam nada um do outro... 

A família dela cresceu, mas não por ela, foi um crescimento indirecto... A dele cresceu... cresceu e deu frutos... um fruto... meigo, terno e fruto de uma relação posterior àquele namoro de jovens inconscientes....

O reencontro inesperado que a vida causou, trouxe a surpresa dos sentimentos, a incerteza do futuro e a novidade do caminho da família... uma nova família... uma família diferente... onde acima de tudo deve existir a ternura, o acolhimento e a sinceridade do amor entre adultos e a transparência do amor entre adultos e crianças...
Uma família tradicional ou moderna?! Apenas importa que seja uma família capaz de superar o mau para atingir o bom!

De dois, passaram a três, um dia a quatro e quem sabe a cinco...  

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Crianças V

Um dia vi uns braços abertos e um sorriso que saltava nos olhos... Ainda que a distancia de um monitor não permitisse sentir o toque, foi dos melhores abraços que alguma vez senti. 

Há crianças que sentimos como nossas mesmo sem serem. Que nos enchem a alma, o coração e a cabeça. Nos preocupam como se fossem nossas. Sentimos por elas as dores, as ansiedades, os medos. Passamos horas à espera de novidades, noites acordados a pensar no que irá acontecer. E estas crianças não são nossas, mas o que sentimos não é isso. 

Foste rápido a entrar no meu coração, e no meu mundo de preocupações. No meio de todas as dificuldades, no meio de tudo o que aconteceu hoje, o que mais me preocupa és tu e tudo o que isto te está ou virá a causar!

As crianças não têm culpa das asneiras dos adultos, não têm... e se tu, és, sem culpa, a causa de uma parte de toda esta confusão e de muita desta dor, és também a causa de muitos sonhos e de muitos sorrisos. 

Eu sei que talvez nunca venhamos a estar lado a lado, e talvez nem nunca venhas a saber quem sou, ou quem fui... Mas independentemente disso, acho que te consegui amar... acho que te consegui desejar efectivamente na minha vida, acho que sonhei contigo muitas vezes... mas uma coisa tenho a certeza, preocupei-me, muito, mas mesmo muito contigo ao longo deste tempo...
E hoje, sei que te devo um pedido de desculpas... por, de alguma forma, estar a causar esta tempestade na tua vida... se algum dia te vier a ter ao meu lado, espero que me perdoes, me aceites e me deixes amar-te...

Sabes R, aconteça o que acontecer valeu pelo pouquinho que foi sentir que tinha um "filho" para amar!

Sonhos VI

Há medida que o ano se aproxima de forma veloz ao seu termino, percebo o quanto mudei no decorrer deste doze meses, como a minha vida se alterou. Ma vejo principalmente como passei a relativizar alguns sonhos. Ou por outra como passei a deixar de ter força e vontade de os concretizar. 

Se 2011 tinha tido um final difícil, 2012 foi ao longo de todo o ano, cheio de momentos e situações muito complicadas de aceitar e viver. Na verdade, nem todas estão aceites e não sei se algum dia estarão.

Os dias correm e o tempo que fica para reflectir no que está a acontecer é quase nenhum, a forma como nos deixamos levar pela vontade da corrente é desesperante, por momentos parece que deixamos de comandar a nossa vida e isso passa a ser feito por outras pessoas. 

Sonhei com um 2012 muito diferente daquele que acabei por ter. Sonhei com um ano cheio de concretizações e na verdade foi um ano de mudanças, de feridas e principalmente de mudanças na minha estrutura de suporte. Quando nos roubam a hipótese de sermos o que julgámos que íamos ser é importante parar e pensar se ainda nos reconhecemos na pessoa que nos estamos a transformar. 

Hoje sei que os meus sonhos de vir a ter uma vida tradicional, provavelmente não se vão concretizar. Por mim, e por aquilo que 2012 causou no que penso e no que sinto quanto à vida em sociedade. 

Esta noite sonhei que estava longe, tão longe daqui que podia ver de cima tudo o que "aqui" se passava... e não gostei do que vi. 

Talvez o mundo, como eu, precise de novos sonhos!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Porquês XVIII


Hoje fica apenas a pergunta:

Porque é que ano após ano esta é sempre das fases mais difíceis do ano para mim? Quando há mais dor e sofrimento? Perdas, lágrimas... Porquê sempre no final do ano?

Pessoas VIII - A PESSOA

Há um caminho que não sei voltar a percorrer, não sei de onde vim, nem como vim... Sei apenas que tu caminhas lado a lado comigo. Num caminho que agora se mostra tão difícil de seguir juntos... Num caminho que desde ontem parece repleto de areias movediças, águas cheias de piranhas... 

Quando te olho, vejo o menino que se viu obrigado a crescer por erros da irracionalidade. Vejo um homem perdidamente apaixonado, capaz de fazer tudo para viver esse amor. Vejo um pai preocupado, com os filhos (reais, hipotéticos...), com medo de os perder ou não os vir a ter... 

És duro e distante quando queres que se perceba que estás magoado. És meigo, doce, sincero, transparente... e se é bom sermos translúcidos, pelo menos aos olhos dos que amamos, é também tornar-mo-nos vulneráveis. 

É simplesmente indescritível o que me fazes sentir quando pousas a tua mão na minha... quando me olhas, como se quisesses entrar na minha alma... e entras mesmo, e consegues lê la, senti-la... nem sempre percebe-la, mas consegues lá chegar... 

Gosto da forma como te preocupas, como queres fazer parte de tudo, do que é só meu, do que é meu e de outros... não importa, se é meu, tu queres fazer parte, ser útil  ajudar... às vezes dás a ideia de me querer levar ao colo pela vida, para eu não me cansar, para não me magoar, como se fosse uma boneca frágil que tu não queres, de forma alguma, perder. 

Se te mando embora tantas vezes, é por, muitas vezes, não conseguir acreditar que alguém me pode amar assim... 

"longe da vista, longe do coração", não concordo com isto, se olharmos pelo lado de deixarmos de amar ou de nos preocupar, mas concordo se pensarmos que assim é mais fácil andar embora alguém ainda que o amemos...  não temos que o enfrentar e isso facilita tudo. Torna mais simples de dizer o que não se sente, ainda que nos mate por dentro na mesma. 

Quase dois anos depois da criação deste blog e 7 pessoas antes de ti, hoje chegou o dia que eu pensei que não chegaria mais... SIM... SIM, eu fico, eu visto a roupa da batalha e entro neste caminho de areias movediças contigo... rumo a um objectivo comum: S&C&R&M&M!

Há olhos que no silêncio do encontro nos falam à alma e mostram o que de mais puro há num ser... Os teus olhos são assim... é só por isso que preciso de te ver todos os dias, para sempre, até que a vida nos leve para longe daqui... 

Amo-te!

domingo, 18 de novembro de 2012

Encontros XV

Nas arrumações da vida, encontram-se cartas guardadas nas gavetas da alma, que são pedaços da nossa historia, como paginas soltas do diário do nosso caminho.

Quando se organiza por datas, ou por temas, encontra-se o sentido de um caminho que muitas vezes nos pareceu sem sentido... é nos encontros inesperados das palavras esquecidas pelo tempo, que relembramos quem fomos e já não somos, quem tínhamos e já não temos e percebemos o que afinal nos fez encontrar a pessoa que somos hoje.

Quando abrimos todas as gavetas da alma, quando tiramos tudo la de dentro,quando olhamos para cada objecto que la estava e tudo baralhado faz afinal um sentido mais profundo do que fazia tudo arrumado, é sinal que estamos a crescer...

A carta que foi escrita há tantos anos que nos levou ao esquecimento da sua existência  aquela que ja não podemos ler, porque um dia a resolvemos deitar fora, aquela que sabemos que tinha palavras de sofrimento, mas de um amor que não chegou a ser mais do que uma ilusão, traz ao de cima a recordação do encontro naquele ano, naquele dia, naquele momento de entrega sem medo...

"Se não fosse amor, não haveria planos, nem vontades, nem ciumes, nem coração magoado. Se não fosse amor, não haveria desejo, nem o medo da solidão. Se não fosse amor, não haveria saudade, nem o pensamento o tempo todo em ti."

Resta encontrar quem escreveu a carta que hoje voltou a sair da gaveta da alma, da alma perdida, e presa na gaveta fechada há tanto tempo quanto o da escuridão da alma...

Encontrar a luz é sinal de que se não fosse amor a escuridão continuaria a existir... 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Crianças IV

Há na gestação a magia do desejo, da ilusão, do sonho, do medo... Há na sensação de ter a crescer dentro de nós um ser humano uma força maior que nos faz mover céu e terra, que nos faz acreditar que nenhuma luta é inglória se for para ver um novo ser sorrir para nós...

Um bebé que nas primeiras semanas não passa da união de dois seres, transforma-se no medo, na ansiedade e na felicidade da concretização de um amor. As expectativas e os sonhos dominam os dias, as noites, todos os pensamentos são para aquela nova ideia, aquele novo sonho... 

Quando de um amor surge uma representação física e inseparável, nasce a certeza de um caminho de união... de um futuro compartilhado...

O sonho desvanece e fica o vazio da ausência de quem nos acompanha sempre e para todo o lado, fica a ausência do sentido de existência, fica o medo de não poder vir, um dia, a ser real... 

E a alma dói, e o ventre reclama o vazio, e os olhos ficam cheios... cheios de lágrimas... de alivio? de dor? Na verdade é o silêncio que se transforma em lágrimas...



"é o silêncio que muitas vezes nos permite começar a plantar e a colher flores, para mais tarde as colocarmos no caminho... é o som do silêncio, só entendido por alguns, que nos permite viver profundamente a sinceridade e a concretização da doação ao outro"
E é este mundo só de uma mãe e de um filho que nenhum pai no mundo conseguirá entender... 


sábado, 10 de novembro de 2012

Erros VI

"(...)já tive daqueles abraços. São tão bons. São os abraços de quem sabe que Ama e que é Amado, mas para cujo Amor o que se sabe não chega. Não é suficiente. Precisa-se do toque da mesma forma que se precisa de respirar. Por isso mesmo é que aquele abraço ainda não se desfez. É um abraço que estava com falta de ar. " (B.A.)

O corpo pede toque, mas mais do que sentir outro corpo, o corpo pede afecto... como se o afecto do toque de outro corpo fosse a capa protectora do nosso, como se fosse a superfície invisível sem a qual a nossa pele não conseguiria existir. 

O toque de uma mão na nossa, quando as lágrimas nos saltam dos olhos, o toque de uns lábios numa testa quando não há palavras a dizer, uma cabeça encosta num peito, quando o peso do mundo parece estar em nós... 

Um abraço apertado quando a vida do mundo cresce em nós...

Abraços são gestos de ternura, de afecto, de Amor... Abraços são momentos de entrega sincera e profunda de dádiva de nós mesmos. 
Abraços são no fundo o momento em que o mundo pára e o tempo conta ao contrário... Abraços quentes e abraços longos...  Abraços de corpos e abraços de almas...

Quando o aperto de um abraço nos tira o ar e ainda assim queremos manter-nos nos braços de alguém, é porque mais que o ar, o nosso corpo, a nossa alma e a nossa vida pediam o toque profundo e sincero de um corpo que nos quer bem... 

Onde está o erro aqui?
Está em quem diz que não se devem pedir abraços, que estes devem ser dados por iniciativa dos outros... é errado não reconhecer que, há dias, em que o abraço nos faz mais falta que o ar!

Desabafos XXV


"Eu não tenho amigos, tiro é a camisa por todos os que precisarem que eu o faça, porque são pessoas, tal como eu. Ser amigo é muito mais fácil do que isso. Se uma amizade não for fácil, então não é amizade." (B.A.)

Há dias que me pergunto isto... Será que tenho efectivamente amigos? Dou por mim a pensar se o facto de irmos fazendo outras escolhas na vida que não as de ficarmos muito próximos dos nossos "amigos" nos tornam piores pessoas? Nos tornam descartáveis e invisíveis... 
Se por um lado quem se afasta, por razões que não a da falta de carinho, devia tentar manter o contacto, por outro, também quem fica, se a amizade for verdadeira, devia tentar manter-se presente e próximo. 

"se uma amizade não for fácil, então não é amizade"... Nunca pensei dizer isto, mas começo a concordar... pode ser qualquer outra coisa, interesse, carência... não sei... mas a amizade é simples, é fácil...

Ainda que hoje tudo pareça confuso, dói sentir que ao longo de alguns anos, dei a camisa por muita gente que hoje nem se lembra que eu existo e apenas porque resolvi ser quem sou, e seguir o caminho que achei que era o melhor para mim... importa referir, que esse caminho nada tem a ver com estas amizades, apenas me deixa menos tempo para elas...  Mas isso é motivo para me apagarem de dentro deles?

Se um dia sentir que fiquei sem amigos, terei a certeza de uma coisa, não eram amigos... eram pessoas... apenas pessoas...

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Dias XXIV

Um dia vou saber o que fazer à minha vida...

Há dias, em que há uma sentimento de desorientação...  não se sabe que caminho seguir... o A, o B ou o C... 

Parece que tudo é desfocado, não se consegue definir o futuro, o caminho que fará chegar ao objectivo maior que é a felicidade... 

Quando se perde o rumo, o sentido e a certeza do que fazer, é difícil definir como lá chegar...

Quando a escolha não é conhecida, quando a cor da alma está por definir, a agitação da mente é maior que o bater do coração e com isso, os olhos turvam, as luzes desfocam e o caminho fica difícil de ser percorrido. 

Um dia saberei afinal o que é a minha vida... até lá vou tentando acalmar a mente, o coração e deixar os olhos ver como percorrer o caminho da existência... 

Cafés XXI

Lembras-te do primeiro café que tomámos juntos? Lembras-te quando foi? Onde foi?

Hoje voltei lá, mas sozinha. Sentei-me na mesma mesa, na mesma cadeira... Mas desta vez era a porta que via e não o teu sorriso.

"Era um café, por favor."

Voltar ali, lembrando-me de ti, e do nosso café foi estranhamente bom. Não dói, nem causa tristeza.

Quando o passado se torna presente por uns instantes e tem um sabor agradável é bom deixa-lo acontecer.

Levei mais de 30 minutos ali sentada a sorrir de frente para uma porta que deixava entrar um frio que não me fez querer ir embora.

Ainda que o teu café seja amargo, o meu é doce e será sempre... Fica uma boa lembrança, um aconchego que não quero esquecer... fica o sabor forte de um café de edição limitada.

Daqui a 10 anos vou lá voltar, sem ti... e talvez sem me recordar do que ali aconteceu e de quem eras... talvez daqui a 10 anos volte a saber quem és!

Mas hoje, fica um sabor doce... hoje voltei a tomar café contigo, ainda que tu não o tenhas tomado comigo!

Histórias XXXV

A casa estava vazia, o frio fazia-se sentir lá fora, mas também cá dentro. Há anos que ninguém morava naquela casa que fazia parte da família desde sempre.

Entrou, olhou em volta, estava tudo arrumado e limpo... é a sorte de ter quem lhe cuide da casa mesmo quando está ausente.

Era altura de se afastar da agitação constante da sua vida naquela cidade onde tantos andam e tão poucos caminham rumo a algo maior. Precisava de se ausentar física e mentalmente da sua rotina de todos os dias. Foram anos a viver dia a dia sem parar de pensar no trabalho e nos problemas, estando sempre a pensar novos desafios e projectos profissionais. Anos de um grande desgaste que agora sentiu estar a chegar a um ponto onde era preciso PARAR!

Foi até à cozinha, pôs água a aquecer, foi acender a lareira... fez um chá, pegou nele entre as suas mãos, sentou-se no sofá com as pernas cruzadas e uma manta sobre as pernas. Ficou de frente para a lareira assim sentada com a chávena de chá entre as mãos a tentar aquece-las... Mas a verdade é que o seu frio não conseguia passar com uma chávena de chá quente e uma lareira cheia de lenha a arder...

Naquela casa o mundo de recordações do passado era imenso, as historias daqueles que antes dela ali viveram, que passaram os seus dias, fazem-na sonhar, tentando imaginar como seria...

É assaltada pela lembrança de que não tinha avisado ninguém de que ali estava, de que tinha resolvido sair por uns dias. Pegou no telemóvel para tentar avisar alguém, mas ali não conseguia estabelecer chamadas... Entrou no carro, foi até à vila, até porque tinha que fazer algumas compras. Chegou à vila, estacionou junto da mercearia, pegou no telemóvel avisou apenas uma pessoa de que ali estava e iria ficar uns dias, não sabia quantos, mas não muitos. Fez as compras e ao sair de volta ao carro, entrava a sua paixão de infância... sorriram, alegraram-se por se terem reencontrado, falaram brevemente sobre a sua vida, o que lhes tinha acontecido em tantos anos de afastamento... Ela convidou-o para jantar nessa noite.

Voltou a casa, preparou-se e preparou o jantar... Jantaram... e no decorrer do jantar, de muitas confissões e conversas em voz baixa, ela soube que ele se tinha casado e tinha dois filhos, estava agora a sair de casa... O coração parou-lhe por alguns segundos... A sua paixão de infância já tinha encontrado o amor...
Talvez pelo efeito do vinho, ou dos sentimentos que emergiram ao fim de tantos anos, olharam-se nos olhos e tiveram uma das conversas mais sinceras e intensas que alguma vez algum deles tinha tido... falaram das feridas e das alegrias da sua vida, e do que estavam a sentir um pelo outro...
Ele foi embora, ela ficou...

Ficou claro dos dias seguintes que ela tinha medo de avançar, pela incerteza do que sentia, pela certeza de que não queria estar envolvida no fim de uma relação, porque a culpa a dominava...

Uma noite, depois de jantar, tiveram uma discussão acesa, ele foi embora, ela ficou... Passaram dois dias e nenhum disse nada...
A um dia de ir embora, e sem noticias, sabia que: "No dia seguinte, ou alguém cedia, ou cada um seguiria para seu lado..." (B.A.)

Ninguém cedeu... ela voltou à sua vida, ele recuperou o seu casamento... 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Encontros XIV


"Enquanto a vida tiver uma porta que me permita sair do lugar que não me faz feliz jamais deixarei de caminhar em direcção à felicidade"
Paulo Costa

Encontrar a porta de saída do estado em que nos deixámos chegar nem sempre é fácil. Porque há muitas e não sabemos qual escolher, porque não vemos nenhuma, porque até a vemos mas temos medo de sair de onde estamos e podermos ir para algo pior.

Ser feliz é sem dúvida uma decisão pessoal. Decisão que como tantas outras, dá trabalho, exige tempo, dedicação, esforço, vontade...

Mas afinal o que é a felicidade? Como se pode ter um encontro com esta "senhora" difícil de encontro e mais difícil ainda de manter na nossa vida?

Descobri estes dias que a felicidade depende da nossa capacidade de amar os momentos tristes... Passamos  uma vida inteira a tentar encontrar o centro, o meio termo, o ponto de equilíbrio... Ficamos muito contentes nos momentos muito felizes, mas rapidamente nos deixamos cair, porque queremos o meio, sempre o centro...

Pergunto-me se não são os momentos tristes que mais nos fazem reflectir? Se não são eles que nos levam a mudanças... Se na verdade não deveríamos amar os momentos tristes tanto ou mais do que amamos os felizes...

Há encontros com portas felizes e com portas tristes... qual vamos amar? Hoje, aprendi que devemos amar todas... até as que não escolhemos, só assim amamos a vida!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Pessoas VII


"A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda por nossa causa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes, demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda não querem.
Os verdadeiros príncipes encantados não têm pressa na conquista, porque já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que, no futuro, nos vão levar à Tour d'Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz, e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução. Eles querem ter a certeza de que não se vão enganar.
O príncipe encantado nao é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz "amo-te",mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é o que passa de vez em quando férias com os amigos.
O príncipe que sabe o que quer não é o melhor namorado do mundo, é a melhor pessoa do mundo; não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos amigos e que ainda arranja um lugar num jantar para os amigos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que quando está cansado, fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter mota, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sair pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver programas alternativos. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O príncipe é um príncipe porque governa um reino, porque sabe partilhar, porque ajuda, apoia e nos faz sentir que somos mesmo muito importantes.
Ora, com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que, às vezes, nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que, um dia, podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixá-lo ficar um dia atrás do outro.. Se for mesmo ele, fica."

A pessoa certa by Margarida Rebelo Pinto

domingo, 16 de setembro de 2012

Porquês XVII

Olhar para o passado e perceber o que fomos, quem fomos, o que fizemos, o que sonhámos, o que acreditámos que seria o futuro é estranho... mas é um estranho sem um sabor mau... mas também não é um sabor bom... é um sabor... um sabor engraçado... 

Nostalgia de um passado partilhado com pessoas que se forma perdendo e que mais tarde se poderão reencontrar... 

Reencontros inesperados, e inesperadamente desconfortáveis. 

Porque é que tentar voltar a trazer pessoas do passado para o presente é tão difícil? Talvez porque as pessoas mudem e não consigamos assimilar facilmente essas mudanças, talvez porque seja difícil de aceitar que já não somos quem éramos para aquelas pessoas e como tal já não temos o mesmo espaço na sua vida...    

Há momentos em que parece que o passar do tempo não se fez notar e o reencontro é fácil de acontecer, por outro lado, há momentos em que se sente que o tempo torna as pessoas estranhas umas perante as outras...

Porque há momentos em que o passado volta ao presente e nos baralha as ideias, deixando no presente as sombras do passado dificultando ver o que há para além delas... 

Dois estranhos, que um dia forma parte da existência um do outro e que no futuro serão... talvez o resultado das sombras do passado com um respingar de tentativas falhadas de reaparecer no presente... porquê?

sábado, 15 de setembro de 2012

Partilhas XXXV



"Reciprocidade!
É isso que faz as coias darem certo. Na atenção, no carinho, na lembrança, no amor..."



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Dias XXIII


"Um dia voltamos para casa"

Neste conjunto de subidas e descidas que é esta vida saboreamos muito pouco a sensação de estar a voar ou a cair. 
Caminhamos dia após dia freneticamente em busca de quê? Muitas vezes em busca de nada, caminhamos porque todos o fazem. 

Há um tempo que medeia o inicio e o fim. Quanto é, não sabemos, nem de que forma o vamos viver, resta-nos viver tendo sempre por meta aquilo que são os nossos objectivos maiores. E estes objectivos não devem ser o dinheiro, o trabalho, a carreira... (Sim, eu estou a dizer isto...) São talvez, o amor, a amizade, o carinho, a sinceridade, a partilha... 

Na verdade, antes de chegar o dia de voltar para casa, esteja ele perto ou longe e isso eu não consigo saber, apenas quero sorrir até ao fim...



"Somos todos visitantes deste tempo, deste lugar. Estamos só de passagem. 
O nosso objectivo é observar, crescer, amar...
E depois vamos para casa."




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eu VIII

Ninguém é perfeito, e claro está não sou diferente... 

Tenho mau feitio, reconheço-o e digo-o muitas vezes... Mas na verdade também tenho bom coração (penso eu) e raramente mantenho zangas por mais de umas horas... 

Sou precipitada, tomei consciência disso mais recentemente, sou-o mais na vida pessoal do que na profissional;

Sou persistente, o que pode ser bom ,mas também pode ser mau... 

Tenho dificuldade de desistir do que quero mesmo, do que me faz sentido...

Estas últimas semanas têm sido especialmente difíceis, o grau de exigência, a pressão, as más notícias no mundo profissional acumulam-se umas depois das outras...  A verdade é que estou muito mais frágil e por isso acabo por reagir de forma mais agressiva com quem, provavelmente não merece... Coisas pequenas passam a grandes... coisas simples a complicadas... 

Sempre o fiz, e sei que é errado, mas descarrego em quem mais me toca e muitas vezes menos culpa tem do que se passa.

Queria conseguir dizer "DESCULPA" a quem ainda agora chegou e já teve que aturar este mau feitio. Queria dizer que consigo ser mais paciente e tolerante... que consigo ser bem disposta e compreensiva... Mas sei que às vezes as atitudes valem mais que as palavras... 

Queria apagar as últimas semanas... e começar de novo com bem mais boa disposição... 

domingo, 2 de setembro de 2012

Cafés XX





"Eu pergunto-me até que ponto tu és aquilo que eu vejo em ti ou apenas aquilo que eu quero ver em ti... queria saber até que ponto tu não és apenas uma projecção do que eu sinto." 





A ousadia do convite, transformou-se na incerteza da sua concretização... Pela forma pouco reflectida como  o desenrolar dos dias foi sendo vivido e transmitido...

Ainda assim, um café poderia ajudar a dar resposta a muitas perguntas e poderia ajudar a perceber o que foi, o que é e o que poderá vir a ser.

Bom, se nada mais servir como pretexto que seja a comemoração de uma data que já passou mas que a distancia não permitiu a concretização do festejo partilhado...

Ah, e permito que escolhas o sitio...

Senhor do sorriso encantador e da voz meiga,  aceita tomar café comigo e mostrar-me afinal quem é? :)

Encontros XIII

A vida é um conjunto de caminhos que se vão cruzando, de entradas e saídas, umas maiores outras mais pequenas, é um corrupio constante de pessoas que vão ficando mais ou menos tempo no nosso caminho… São dias que se seguem uns aos outros muitas vezes sem que lhes seja dada grande importância e na verdade “nada acontece por acaso”… Todos os dias, todos os segundos acontecem por um motivo e não voltam a repetir-se, (verdade?) …

Há momentos em que se para e tenta adivinhar porque é que algumas pessoas que queríamos que tivessem ficado foram embora e porque é que outras que queríamos que tivessem ido embora ainda cá estão. Vamos olhando para os nossos comportamentos e percebendo os erros que fomos repetindo, as falhas que fomos mantendo com o passar do tempo e das pessoas... 

Na vida há encontros que não valorizamos, percebemos que acontecem, por vezes até sorrimos e temos algum pensamento mas no corre-corre dos dias, os pensamentos, entram na "caixa de assuntos pendentes" e ficam por lá a pairar até que algum acontecimento os reactive. 

Encontrei-te algures num momento em que a minha e a tua atenção estavam apontadas noutro sentido. Lembro-me de te ter encontrado a sair no dia em que entrei pela primeira vez... lembro-me de ter pensado "quem será!?", lembro-me de ter feito um registo algures na minha mente como um ser "bom"...

Sei que nos encontros pontuais que se foram seguindo, fui recolhendo informações e sensações, sei que a cada encontro a curiosidade era maior, sei que a cada dia eu esperava um reencontro (sem desfocar do meu principal objectivo, claro está)... 

O encontro sem olhares aconteceu de forma surpreendentemente fácil, simples e agradável...  

Mas o desencontro dos caminhos deixou distante e confuso aquilo que estes encontros poderiam ter trazido... Talvez a ansiedade do encontro, talvez o medo da distancia, talvez a sensação de que a aproximação tinha acontecido "tarde de mais" tenha feito com que um encontro sem olhares que até me pareceu feliz se tenha transformado num desencontro infeliz... 

Há encontros assim... propostos tarde de mais... Será que este foi um deles?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Desabafos XXIV


Esta era a música que passava na rádio naquela noite em que te senti ausente... em que te senti partir... na noite em que ninguém disse "adeus"... ainda que os dois começássemos a sentir que era a última noite... o último encontro... o derradeiro "adeus"...

E na verdade aquilo que nunca se pensou vir a começar, começou... aquilo que nunca se pensou possível sentir e deixar acontecer, foi sentido e vivido... e foi verdadeiramente vivido e por momentos feliz e tranquilizador... 

Não vou esquecer o bater do teu coração acelerado, o teu olhar e o toque das tuas mãos nas minhas... não vou esquecer como me senti uma princesa, como me fazias sorrir pela manhã... 

Ainda não sei se me arrependo ou não de tudo o que aconteceu, não sei se algum dia vou saber... 

Mas sei que guardo num cantinho muito especial da minha alma quem és, ou pelo menos quem foste para mim. Guardo as conversas, as horas a fio de pensamentos compartilhado, os sorrisos, as lágrimas... 
Guardo o que foi, e já não é. 

Não sei se sairemos de vez do caminho um do outro ou se mais à frente conseguiremos recuperar a tranquilidade das conversas verdadeiras, independentemente disso, sei que serás sempre guardado como alguém especial na minha existência. 

Perdoa-me...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Partilhas XXXIV


‎"O que tem de ser, tem muita força. Ninguém precisa de se assustar com a distância, com os afastamentos que acontecem. Tudo volta! E volta mais bonito, mais maduro, volta quando tem de voltar, volta quando é para ser. Acontece que, entre o “ainda não é hora” e “ a nossa hora chegou”, muita gente se perde.”

O universo contempla de forma muito propria o que tem que ser e faz com que seja mesmo que achemos que o podemos evitar. O que tem que ser é mesmo e por mais voltas que se dê, acaba por acontecer.
A distancia e os afastamentos causam dores e moças, ansiedades e medos. Há medida que os dias vão passando e a presença não existe ou simplesmente é diferente começa a crescer a ansiedade na expectativa de quando será que tudo volta ao “normal”.
Há quem diga que o que é nosso acaba sempre por vir ter a nós, mesmo que se afaste acaba sempre por voltar.
E se não volta é porque não tinha que voltar, é porque na verdade não nos faz falta, não faz parte de nós.
Perdermo-nos no caminho da espera é mais comum do que julgamos. Mas se por vezes não nos perdêssemos no caminho não abríamos portas a outros caminhos, a outras coisas bonitas e maduras.
A história vai sendo escrita à medida que a vamos caminhando.   Quando temos a capacidade de esperar até “a nossa hora chegou” é porque chegou mesmo, é porque aí será feita a história. Não é fácil esperar, não é fácil perceber duas, três, quatro vezes que “ainda não é hora” e resistir conscientes de que a espera vale a pena, mas há um dia em que a recompensa chega.

“O que tem de ser, tem muita força.” Só ainda não percebi se tem que ser?!

Histórias XXXIV


Acordou cedo, resolveu ir andar na praia enquanto o sol aparecia no céu e todos dormiam em casa. Caminhou durante mais de uma hora junto ao mar. Fones nos ouvidos, a radio a dar as músicas de sempre e as notícias de um mundo que nem sempre se considera feliz. Mas a verdade é que na sua cabeça pairam ideias, imagens, palavras, e uma sensação que não consegue explicar. Pega no telemóvel, escreve uma mensagem que acaba por não enviar, porque há alguma coisa que a impele e outra que a impede de o fazer. Por um lado, tem vontade de o tentar conhecer, por outro tem medo das expectativas que pode começas a criar e do quanto poderá vir a sofrer com isso.

Volta a casa e está tudo quieto, pega na toalha, no seu livro e volta à praia, mas agora para se deixar iluminar por aquele sol que aquece mais um dia de Verão.
Estende a toalha, fica apenas com o biquíni, senta-se na toalha a ler… Assim que vira a pagina para começar um novo capitulo:

“Não te rias: o que mais falta me faz é conversar contigo. Imagino cruzar-me contigo num mercado buliçoso, apesar de não ir ao mercado. E decidimos almoçar, conversamos a beber margaritas; e depois voltamos para o teu hotel e conversamos mais um pouco, e conversamos na recepção do hotel até a Lua ir alta no céu e os empregados do hotel mudarem de turno e o gerente da noite nos expulsar. Quero conversar contigo, mas não faço a menor ideia do que teríamos para dizer.”

E pensa: “é isto” A verdade é que é exactamente isto que ela sente. Quer conversar com ele, queria estar horas ao lado dele a conversar, sem saber o quê, mas com a certeza de que não ficariam sem tema de conversa.

É difícil para ela mesma perceber como é que tudo isto está a acontecer tão rápido, mas tão claro e tão sincero ao mesmo tempo… Tem medo do que está a ser lido, sentido e pensado do outro lado.

Queria abrir os olhos e tê-lo ali ao seu lado, apenas para lhe dizer que ela também não lhe sabe dizer como, nem porquê, que tem medo do que está a sentir e de tudo o que rodeia esta situação, mas que ainda assim queria olha-lo, ver o seu sorriso, e conhecer uma alma que de alguma forma a tranquiliza e apaixona… 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Pessoas VI

És a pessoa que mais facilmente me cativou pelo sorriso, um sorriso que vai para além dos lábio... sorris com o olhar de uma forma muito especial, diferente, intensa e particularmente sincera... 

Há pessoas que nos conquistam com muito pouco, sem que para isso tenho que perder muito tempo a mostrar tudo o que são, porque o seu interior passa nos seus olhos, nos seus pequenos gestos, nos seus pequenos nadas que são tudo... 

Gosto do teu ar de menino crescido com jeito de miúdo pequeno. Da confiança que se esconde na fragilidade da timidez... uma timidez descontraída, e nem sempre evidente no olhar desatento. Gosto do teu tom de voz e da ternura com que falas com as tuas origens. Gosto da assertividade e da ousadia de alguns comentários. 

Gosto da forma leve como fazes desenrolar a conversa e da forma simples como tocas a alma de quem tem a oportunidade de se cruzar com o teu sorriso. 

Não gosto quando me deixas sem jeito, e fazes comentários que me deixam envergonhada... 

No balanço do gosto e do não gosto, acho que gosto simplesmente... 

É um gostar que não consigo, não sei e não quero explicar... é tão "alguma coisa" como "aquilo" que te rodeia e me fascina... 

Hoje, és a pessoa aqui representada, no 200º texto deste meu espaço que agora também é um bocadinho teu. 

Não sei o que quero sentir mais, nem o que quero perceber mais... Sei que a ousadia me trouxe um sabor bom, ainda que hipoteticamente fugaz e só meu... 

"Algumas vezes é preciso silenciar... sair de cena... e esperar que a sabedoria do tempo... termine o espectáculo..."

Na verdade, não queria terminar nada, mas quero permitir que o tempo com a sua sabedoria que nos leva ao que de mais certo existe para nós, leve a ousadia onde ela tiver que chegar. 

Obrigada por me mostrares o teu sorriso!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Porquês XVI

"O que é que faz uma pessoa desistir de amar? Desistir de sentir saudades, de lutar até ao último suspiro e de se entregar?
Vejo tantas pessoas que não sentem nada.
Nem a felicidade do amor correspondido, nem a dor do amor despedaçado.
Percorrem  um filme a preto e branco, sem a intenção de o colorir.
Prefiro acreditar que os corações às vezes ficam em stand by... à espera de serem salvos."

Quando chega o ponto em que se desiste, quando se deixa de sentir... quando a dor e a alegria se perdem numa confusão de sentires não sentidos, é a ausência de sentido de existência... é a angustia de sentir sem sentir... é desejar sem ter desejo... 

Uma vida, flutuante, sem sorrisos ou lágrimas... uma ferida que não sangra nem cicatriza... 

"lutar até ao último suspiro e de se entregar"... talvez o último suspiro já tenha acontecido, e na verdade se tenha lutado até lá... apenas ainda deambula um corpo por um caminho a preto e branco, onde a vida já se foi e onde já nada mais há para entregar, nem porque que se entregar. 

Há momentos na vida em que o tempo não para, mas a vida parece parar, um pouco como se entrássemos em estado de coma profundo, em que tudo acontece à nossa volta mas quem lá está não se apercebe de nada. 

Mas há situações, em que num momento há uma luz protectora que salva os corações parados e as vidas reservadas... 

Nem sempre há luz, alguns têm a sorte de a encontrar, outros deambulam filme a dentro sem cor, sem cheiro, sem sentimentos... até que um dia a luz que mantém o corpo por cá se apaga e partem, sem terem feito história, sem terem deixado marcas, sem deixarem saudade... 

Corpo e alma, caminham para a ausência da luz...



terça-feira, 17 de julho de 2012

Erros V

"Numa hora ou noutra o destino resolve-se, tudo encontra o seu lugar, o passado é esquecido, as feridas cicatrizam. Quem tem que ficar fica, o que é verdadeiro permanece, e o que não é vai embora."

Há fases de vida em que se torna evidente como o destino se tenta ajeitar, até encontrar a forma certa de nos levar onde devemos chegar. Aos poucos, tudo vai encontrando um lugar com tamanho certo, onde cada coisa cabe sem ficar apertada ou deixando demasiado espaço desocupado. 

O passado, aos poucos vai caindo no esquecimento dos dias, sem nunca passar a uma amnésia total. Transforma-se num conjunto de acontecimentos que só são recordados em circunstancias especificas, já não são recordados todos os dias, em cada acordar, em cada deitar... 

As feridas, que tanto doeram, que tantas lágrimas causaram, vão fechando aos poucos, lentamente, para não correr o ricos de voltarem a abrir, pretende-se uma cicatrização eficaz. As feridas que mais demoram a cicatrizar são aquelas que não se entende como foram feitas, ou porque nos resolveram ferir assim... a falta de sentido dificulta o esquecimento, a cicatrização, a aceitação do que foi e já não é. 

É difícil perceber, à medida que o tempo vai passando, que não podemos levar connosco todos os que vamos conhecendo...  é igualmente difícil perceber que nem sempre as relações se fundamentam na sinceridade... não é fácil tomar consciência que afinal nem tudo o que se vive é real... há quem nos engane, nos tente (e consiga) fazer acreditar que quer o nosso melhor, que gosta de nós e no fim de contas era tudo uma estratégias de vida egoísta, individualista, uma atitude que mais cedo ou mais tarde acaba por ser descoberta... e são estas as pessoas que partem, que pela ausência de verdade no que são e no que sentem não permanecem no nosso caminho, na nossa vida, não fazem parte do presente ou mesmo do futuro... são aquelas pessoas que fizeram feridas, mas passaram também ao esquecimento do passado... Pessoas que vão embora, muitas vezes por elas próprias, e ainda assim ficam em nós mais um tempo, até que, há um dia, em que as mandamos embora de dentro de nós, porque já não nos fazem sentido, porque é preciso fazer a limpeza da alma... 

Deixar ficar quem nos faz sentido, ainda que por vezes seja difícil ficarem, por tudo o que é preciso lutar para que tal seja possível... Lutar e acreditar dia a dia que quem fica é quem vale a pena... que tudo tem um motivo e que tudo tem um tempo e um lugar para ficar ou para partir... 

Hoje, resolvi ficar, depois de durante muitos dias ter pensado partir... 


sábado, 14 de julho de 2012

Cafés XIX

Adiando a consciência da vida, adiam-se decisões, sentimentos, emoções, lágrimas, sorrisos... Por muito que a vida nos parece demasiado curta para se pensar demasiado, há momentos em que é imprescindível parar, pensar, pesar prós e contras, decidir caminhos...

Há momentos em que é preciso decidir o que se guarda do passado e como se guarda, é importante perceber o que se quer do futuro e como se quer la chegar... 

Um pensamento depois do outro, uma dúvida somada a outra, um conjunto de incerteza que impedem um caminho sem amarras, sem dúvidas...

Há cafés que nos deixam com medo... Há cafés que sabemos que serão dolorosos, não pelo que no fim será a sua conclusão, mas por aquilo que teremos que revelar. Nos momentos em que sentimos que as nossas capas têm que ficar arrumadas e temos que ser nós por inteiro, sem protecções, desculpas, sem desvios de assunto, conscientes que teremos que passar para palavras aquilo que nos atormenta o pensamento e a alma, é difícil não ficar com medo...  

É bom partilhar o gosto pelo café com alguém, é bom sentir tranquilidade ao lado de alguém, é bom sentir que o mundo desaparece quando estamos ao lado de alguém, é demasiado cruel sentir que tudo o que é bom é condenado, e errado à luz da sociedade e por mais que gostássemos que não, à luz da nossa consciência... 

Viver perigosamente tem um preço que nem sempre somos capazes de pagar... vale a pena? 

Um café, transformado em chá, que no fim talvez seja um copo de lágrimas... 


sábado, 30 de junho de 2012

Histórias XXXIII


"Já se passaram alguns anos, nem sequer vinhas nos meus planos"

E esta podia ser a primeira frase da sua historia! Passaram anos deambulando ruas fora, em cidades diferentes, em passos desiguais e sentires desencontrados... 

Quando os planos deixaram de existir, quando os dias passaram a uma amalgama de afazeres uns depois dos outros, quando o tempo para sonhar deu lugar ao tempo para dar resposta às solicitação sociais que em nada os fazia mais feliz.. Aí sentiram que a sorte lhes tinha voltado as costas...

A descrença na vida, na sorte, na felicidade, nos sonhos ocupou o seu sentir, o seu respirar... Um dia, cruzaram-se por um acaso da vida, numa cidade que não era de nenhum dos dois... 

Sentaram-se lado a lado para assistir ao concerto que ia começar dentro de pouco mais de 10 minutos. Quando a musica começa a tocar, olham-se de forma estranhamente feliz, e ele diz-lhe:"Saíste-me a sorte grande?!" 

As oportunidades não são planos, são um pássaro de asa livre que não nos ocupa o dia, mas antes nos faz a vida!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dias XXII

Um dia vou sentir que me estou a apaixonar!

Acho que chegou esse dia...

Não sei se devia, nem percebo muito bem como é que está acontecer. Talvez de um momento para o outro me tenha sentido disponível para aceitar alguém ao meu lado, e "alguém" tenha aparecido...  sem pressa, saboreando lentamente o processo de reconhecimento e de conquista.

Na verdade, claro que há medo no meio de tudo isto... medo do que possa haver de confusão de sentimentos... medo de ser novamente um caminho errado, medo de que seja só de um lado... medo de não ser capaz de ter calma... medo de me ferir outra vez...

Mas, apetece-me correr o risco... apetece-me tentar, ousar...

Há dias em que a vida nos sorri, e as coisas boas acontecem mesmo.

Será sonho? Será realidade?

Um dia a resposta virá...

domingo, 17 de junho de 2012

Desabafos XXIII

"Bem sei que, muitas vezes, o único remédio é adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem, a dívida, o divertimento, o pedido de emprego, ou a própria alegria. A esperança é também uma forma de contínuo adiamento. Sei que é preciso prestigiar a esperança, numa sala de espera. Mas sei também que esperar significa luta e não, apenas, esperança sentada. Não abdicação diante da vida." (Cassiano Ricardo)


Há quem adie a vida, pensando que o tempo espera pelo momento certo, pela pessoa certa, pela oportunidade certa... Nada é certo e muito menos o tempo espera... A vida corre e os dias avançam uns depois dos outros sem se preocuparem se tudo o que devia ter acontecido aconteceu eu ficou por fazer. 

A verdade é que esperar não é uma forma de adiar, é antes uma forma de viver agindo, amadurecendo ideias, sentimentos, certezas, ganhando confiança em nós e nos outros.

Mas o melhor acontece quando estamos à espera de alguma coisa, às vezes nem sabemos bem do quê, e acontece outra completamente diferente... é o inesperado, que nos traz o sabor de aventura que muitas vezes no agita o pensamento e nos faz sair da zona de conforto que tanta vezes no impede de ser felizes. 

Importa não abdicar da vida, da felicidade, de nós mesmos... Ainda que muitos nos tentem fazer sentir inexistentes, ainda que muitos desejassem que não vivêssemos mais, a verdade é que vivemos, que existimos e que continuaremos a ser felizes e a esperar agindo pela alegria da vida que um dia chegará. 

Esperar vivendo... amando... sonhando... desejando... mantendo a cabeça erguida, o sorriso no rosto e a consciência tranquilo porque apenas fizemos aquilo que achámos ser o melhor. 

Um dia quando deixarmos de poder esperar, nesse dia teremos vivido, amado, desejado, seremos felizes e teremos ao nosso lado apenas quem fez por lá estar.





quarta-feira, 13 de junho de 2012

Partilhas XXXIII

"Primeiro, não queremos perder. 
É lógico não querer perder. 
Não deveríamos ter de perder nada:
Nem saúde, nem afetos, nem pessoas amadas.
Mas a realidade é outra:
Experimentamos uma constante alternância de ganhos e perdas.

Segundo:
Perder dói mesmo.
Não há como não sofrer.
É tolice dizer não sofra, não chore.
A dor é importante.
O luto também.

Terceiro:
Precisamos de recursos internos para enfrentar a tragédia e a dor.
A força decisiva terá que vir de nós, de onde foi depositada a nossa bagagem.
Lidar com a perda vai depender do que encontrarmos ali.

A tragédia faz emergir forças inimagináveis em algumas pessoas.
Por mais devorador que seja, o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer.

Quando é hora de sofrer não temos de pedir licença para sentir, e esgotar, a dor.
O luto é necessário, ou a dor ficará soterrada, seu fogo queimando nossas ultimas reservas de vitalidade e fechando todas as saídas.

Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse:
Bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis."

Lya Luft

Encontros XII

Há momentos em que é difícil encontrar a serenidade necessária à vida. A calma, a paz, a tranquilidade... Quando desenhamos os caminhos a seguir e por algum motivo não os conseguimos encontrar a frustração pode tomar conta de todo o espaço que fica para a felicidade ocupar. 

E há reencontros que nos agitam a alma, a mente, a vida... reencontros que nos encontram, que nos focam e nos centram. 

Na vida, há pessoas com quem nos desencontramos repetidamente e quando menos se espera, mas quando faz mais sentido e mais falta, encontramo-las... por acaso? por coincidência? porque os astros se alinham a nosso favor? porque são os nossos anjos protectores na terra? O porquê não sei qual é, mas sei que assim é... 

São pessoas destas que por vezes nos deixam perdidos, sem perceber porque "desaparecem" das nossas vidas e quando "reaparecem" queremos zangar-nos, mas não conseguimos, porque a sua energia, a sua mística, o seu estar ao nosso lado nos desarma e nos faz falta. Porque estão connosco quando precisamos de um ombro sem que lhes tenhamos dito que estávamos a precisar disso.  

Este é um reencontro que quero agradecer. A ti, mas mais que isso, a Deus e à vida por algures no caminho nos terem feito encontrar e sentir  no olhar um do outra a nossa alma... Se houve momentos em que nos desencontros se disseram coisas feias, é apenas porque a necessidade de encontro é grande e a ausência ou a eminência de ausência causa dor, uma dor que é exteriorizada por agressividade. 
Obrigada pela presença, pelo carinho... obrigada pela sinceridade... 

Há encontros que nos deixam de sorriso no rosco a cada vez que os lembra-mos, este é um deles. Ainda que a "vida nos leve para longe de nós" acredito que vamos encontrar sempre um espaço e um tempo para existirmos na vida um do outro... 

A vida é permitir que o inesperado aconteça, sem medo de perder o que não é nosso, sem medo de perder o que não somos... 

Obrigada por me ensinares a sentir mais e a pensar menos... Obrigada pelo encontro da vida!

domingo, 10 de junho de 2012

Erros IV

‎"Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projectar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu." (Lya Luft)

Com o passar dos anos o avolumar de memórias começa a ocupar um espaço que se torna necessário para viver os "presentes" da vida... a sabedoria da maturidade, trás essa capacidade de filtrar e seleccionar o modo de reserva da informação e das experiências já vividas. 

A capacidade de projectar de forma positiva as vivências passadas, faz com que nunca se esqueça quem se é, e aquilo em que se acredita. 

Lembrar o passado de forma presente e madura poderá ser a melhor forma de tornar eterno aquilo que nos fez felizes lá atrás. Não passa por ter saudade ou tristeza por já se ter passado, é sim a forma de manter presente e real um passado que amadureceu e tem reflexo naquilo que é o presente. 

Esta é talvez a forma de se crescer inteiro, de se viver sem negar quem fomos e o que fizemos. 

Um passado que vive presente, sem limitar caminhos, antes ajudando a escolher de forma mais segura o que se quer ser no futuro. 

domingo, 27 de maio de 2012

Histórias XXXII

Encontraram-se, deixaram-se levar pela emoção, deixando de lado a razão que mais tarde se fez notar e os levou ao afastamento.
Passaram meses, cada um no seu canto, a lembrar e a sentir saudades de tudo o que tinham vivido, a pensar em como teria sido diferente se tivessem tido a sorte de se encontrar anos antes no caminho da vida. Mantiveram contacto até ao dia em que ela resolve que não podia continuar a alimentar uma situação que nunca passaria de um sonho.

Afastaram-se, deixaram de falar, de saber um do outro, de acompanhar (ainda que há distância) o evoluir da sua existência.
Um dia, por acaso, numa conversa de pessoas comuns aos dois, ele percebe que ela estava doente... Parou por momentos a ouvir quando alguém dizia que ela estava internada, que a situação era complicada e que a injustiça da vida mais uma vez se fazia sentir. Ficou calado, com o olhar parado, sem sentir, sem falar, por momentos até sem respirar... Volta a si, e percebe que tem que arranjar maneira de a ir ver...

No dia seguinte, pela manhã, chega ao hospital, procura o seu quarto e pede para a ver fora do horário de visitas, é-lhe dada autorização... Quando entra no quarto e a vê, escorrem-lhe pelo rosto dois fios contínuos de dor...

Ela está ali, deitada, de olhar fixo na janela, não quer olha-lo, não quer falar... apenas lhe diz: "Há uns anos, fizeste a escolha correcta."

Ele chora e diz-lhe: "Perdoa-me ter sido cobarde"

Ele sai, e pouco depois ela parte na serenidade do final de um caminho feliz!



sábado, 26 de maio de 2012

Desabafos XXII

“Com o tempo, não vamos ficando sozinhos apenas pelos que se foram, vamos ficando sozinhos uns dos outros”  
(Mário Quintana) 

Quando se opta por viver trabalhando, foge-nos o tempo para ter "outros" na nossa vida. Para cultivar amizades e às vezes até inimizades. Não é errado ou correcto, viver trabalhando, é uma opção que tem custos e benefícios. Se a margem que daqui fica e alta ou não, parece-me que depende da fase de vida em que cada um se encontra. 

A solidão não me parece que assole aqueles que optam conscientemente por viver trabalhando, pelo menos quando se trata de uma opção por ela só e não um mecanismos de distracção para outras dimensões da vida.  

Quando a vida nos corre e nos sentimos sufocados pelo seu ritmo e sentimos necessidade de parar e não podemos fazê-lo, corre-se um risco. O risco da paragem... Quando depois de tanta agitação se parar, a confrontação com tudo o que aconteceu e se viu, mas não se teve tempo de sentir, pode provocar o colapso do equilíbrio ficcional que se pensa deter. 

Vamos ficando sozinhos de nós mesmos... vamos perdendo a nossa existência em cada queda fruto da corrida da vida. 


sábado, 19 de maio de 2012

Encontros XI


"A vida é cheia de ciclos e ciclos repletos de pessoas. Algumas ficam, outras não. Outras vão, mas contrariando as leis da física, continuam."

Há ciclos de amigos verdadeiros e ciclos de colegas falsos... há também ciclos de amigos falsos e colegas verdadeiro... há a família, que povoa todos os ciclos em proporções de presença diferentes em cada um deles. 
Quando algumas pessoas vão para fora das nossas vidas, algumas não deviam ir, deviam ficar para sempre, outras deviam ir para fora da nossa vida e de todas as vidas que nos rodeiam... deviam simplesmente ir... 

Há pessoas que quisemos na nossa vida num ciclo, mas deixámos de querer noutro porque nos deixou de fazer sentido, porque nos fez mal, porque já não nos faz bem... há outras que nos farão bem, nos farão falta em todos os ciclos que a vida nos permitir viver. Há ainda aquelas que surgem num ciclo e pensamos que deviriam fazer parte de todos os anteriores... 

"Há pessoas que passam e outras que ultrapassam. Que transpõem qualquer barreira, que encontram uma maneira de ficar. Pessoas que não perguntam se têm espaço, só se ajeitam, arranjam forma  de permanecer. E fazer parte. E mesmo quando partem, passam a todo. Porque ocupam tudo. Deixando um vazio cheio de presença."

Estanho é que há pessoas que pensamos que tinham passado e na verdade ultrapassaram, há outras que achamos ter ultrapassado e apenas passaram... a isto chamo a hipocrisia da vida... 
Na reavaliação que fazemos da vida, mais dia menos dia acabaremos por perceber que quem ultrapassou todas as dificuldades que existem para permanecer ao nosso lado são, na realidade, aquelas que devem ficar, são as escolhidas, as certas... as verdadeiras pessoas que connosco caminham, crescem, vivem e revivem a essência da vida partilhada e sentida. 

Há ainda as pessoas muito especiais, que entendem que tem que estar ao nosso lado, mesmo quando as tentamos impedir, aquelas que ficam sem pedir, ficam, e voltam a ficar... e ficam de tal forma que o ocupam o espaço que mais ninguém nunca ocupou... ficam até ao fim... ficam para sempre.... 

Há as pessoas do presente, do passado e as do futuro... de um futuro que será sempre futuro, estas são aquelas pessoas que nunca chegarão a estar connosco, com quem nunca chegaremos a partilhar nada... às vezes, são aquelas porque esperamos a vida inteira, aquelas com quem sonhámos e nunca tivemos oportunidade de conhecer e talvez só na despedida entendamos porque é que cada pessoa é uma pessoa diferente e se encontrou connosco num momento diferente, ficou um tempo diferente e no fim nos tornou quem somos na nossa diferença!


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Cafés XVIII

Há momentos em que a vida nos parece ser demasiado cruel e para não a deixarmos vencer-nos, resta-nos sentarmo-nos na mesa da explana de um qualquer café da vila e ficarmos ali, sentados a pensar o que virá agora, o que será depois... 

São os chamados cafés solitários nas encruzilhadas da vida, que não servem para tomar decisões, servem apenas para olharmos de frente as culpas que temos no presente que se desenha na nossa vida. E percebe-se que mais vale beber o café sem pensar, apenas com a sensação que vivemos e o podemos saborear, ainda que não encontremos na lista infindável de contactos do nosso telemóvel ninguém com quem queiramos partilhar a angustia do presente... E também esta solidão é por nossa culpa, também ela é consequência do que já decidimos, do que já fizemos, do que já fomos e não queremos ser mais...

Há cafés assim... em que sozinhos numa mesa de café, com uma chávena de café à frente, apenas estamos nós e as nossas lágrimas... fruto apenas e só daquilo que somos...