terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Pessoas IV

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando sermos donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."  (M.S.T.)

Faz/fez  por estes dias três anos que conheci a pessoa que me falou pela primeira vez desta necessidade de percebermos que nada é nosso para sempre, mas que isso não torna as pessoas e as situações menos boas ou menos importantes; não é por isso que lhes devemos dar menos de nós.

Quando nos conhecemos naquela que foi a minha primeira casa, nunca pensei que o nosso caminho fosse trilhado da forma que foi.
O caminho teve muitas curvas e uns quantos desencontros. Mas independentemente disso, e de algum sofrimento que esteve envolvido. Foste provavelmente das pessoas mais sinceras que eu já conheci. Das pessoas que mais rapidamente me conheceu e percebeu como me conquistar e como me afastar. Provavelmente, é das nossas conversas que consigo tirar mais lições de vida... é daquilo que foi e é a  nossa história que consigo perceber quais são as minhas grandes falhas. 

Permite-me dizer que, continuas a ser um exemplo a vários níveis, às vezes um exemplo a seguir, outras um exemplo a evitar... mas ainda assim um exemplo... 

Amar em liberdade, acho que foi isso que me tentas-te ensinar e eu ainda não consegui aprender completamente... Mas obrigada por continuares a tentar...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Encontros VIII

O Google dá-nos Cerca de 30.200.000 resultados quando procuramos "Encontros"... 
Os serviços informativos dos diferentes canais de televisão falam das pessoas mais velhas encontradas mortas sozinhas em casa... 

No meio de tantos "encontros" do Google alguns devem ser estes que os jornalistas tanto falam... E eu apenas pergunto: Não será possível outras perspectiva desta questão? Não poderão algumas destas pessoas encontrar-se sozinhas na morte e nesta fase das suas vidas? 

Por vezes os encontros que nós desejamos não podem ser revelados, nem são compreendidos pelos outros. Mas temos, igualmente direito a tê-los. 

Com isto, não quero parecer incessível. Preocupa-me a solidão e a falta de encontros que esta sociedade começa a fazer parecer normal. No entanto, também compreendo e aceito que alguns queiram, por opção, partir sós... Para alguns a solidão não será dramática como a sociedade civil quer fazer parecer, será uma forma de ser e estar, uma forma de partir... 

Em vez de dramatizar, não se seria preferível tentarmos encontrar uma solução para o problema, que não seja o alarmismo? Parece-me que em vez de se partir do principio que isto ou aquilo, se devia perguntar?!


Erros I

Numa música muito ouvida nos últimos meses, canta-se: "Siento tener que irme así/ Sin decirte adiós"... E numa música que pode considerar-se que é romantica e que representa a despedida entre duas pessoas que já não se amam, ontém, ao fim da tarde, quando entrei no carro e a ouvi, percebi que podia ser uma situação completamente diferente...

Nunca sabemos como vamos, nem quando. Nunca estamos preparados para que os outros vão... provavelmente não estamos, também nós, preparados para irmos... Muitas vezes não há tempo de dizer "adeus"... Não há tempo para dizer tudo o que carregamos connosco dia a dia, todos os dias. 

O erro, não é "ir"... o erro é achar que nunca "vamos", achar que os outros nunca "vão", ou pelo menos que não "vão" já... e podem "ir", ou podemos nós "ir"... 

Quando achamos que temos tudo definido, quando sonhamos (e devemos sonhar), devemos sempre guardar uma parte do nosso tempo para dizer: "amo-te",  "perdoa-me", "perdoo-te", "obrigada" e "adeus"...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Partilhas XXVIII


 

 "Pudesse eu ter lido o futuro"

Porquês XIII

Porque é que há alturas em que socialmente quase que nos é exigido termos um "respectivo"? 

Na verdade talvez isso não seja tanto assim, mas há alturas em que eu sinto falta disso. Ontem, enquanto falava com uma pessoa sobre o seu casamento e ela me perguntava se ia levar alguém, percebi que não e que gostava, verdadeiramente, de ter alguém para levar...

Alguém tem por aí um amigo solteiro que me sirva como "respectivo"? :)


Histórias XXIX

Mudou de cidade. Agora vive sozinha, numa zona calma, onde não conhece ninguém e onde conseguiu em pouco tempo montar uma casa onde se sente bem, para onde gosta sempre de voltar. Hoje, pela primeira vez desde que ali está, sente-se só. 

A escolha de mudar para ali foi sua e foi uma decisão tranquila, bem sustentada e que a fazia sentir com um novo rumo, um novo futuro. Hoje, chega a casa, e o silêncio, a solidão fazem-na chorar. 

Senta-se no sofá, pega no computador e começa a ver fotografias, uma após outra, passando em pouco tempo pelos últimos 10 anos da sua vida. Sente que não era nada disto que tinha pensado para si, não que se sinta triste com o rumo que a sua vida levou, mas é estranho que não tenha acontecido nada daquilo que pensava que ia acontecer.

Resolve fazer a mala, ligar aos colegas e avisar que vai tirar uns dias de férias. Vai visitar a familia, os amigos. Hoje sente que precisa da força e da energia dos que lhe são próximos para continuar neste seu novo rumo, neste seu novo futuro. 

Antes de partir, liga-lhe... avisa-o que está de regresso por uns dias... combinam encontrar-se assim que ela chegar... Encontram-se e assim que se olham, ele entende que "uns dias" facilmente se transformam num "para sempre" assim ele faça aquilo que os dois sentem que deve ser feito... 

Voltou dias depois à sua casa, para arrumar tudo e devolver a chave ao senhoria. Regressou à sua cidade... afinal, tudo o que pensou que ia acontecer, vai mesmo acontecer, apenas levou mais tempo que aquilo que ela pensara. 

Saber esperar é uma grande virtude, lembra-se de ter ouvido vezes sem conta há uns anos atrás.

Cafés XIV

Café com leite! É assim que têm começado os meus dias ultimamente. Aquece-me... desperta-me... Fico ali, sentada na mesa da cozinha, com aquela caneca quente entre as mãos a despertar a pouco e pouco para mais um dia de realidade.

Gosto desta mistura do café com o leite. O amargo do café com o adocicado do leite, o escuro do café, com o branco do leite, o quente do café com o frio do leite... Naquela caneca consegue-se um casamento perfeito, de um sabor agradável ao gosto, de uma cor confortável para os olhos, de uma temperatura ideal para o frio que se faz sentir fora e dentro do meu corpo.

E assim começa mais um dia com um café disfarçado... Na verdade, assim começa o dia de muita gente... Não com o café com leite, mas com o disfarce. Disfarçam aquilo que são, aquilo que sentem e saem para a rua, como se o mundo fosse aquilo que não é.

Final do dia... sentada numa explanada, acompanhada... alguém ao meu lado pede: "dois chás, por favor"!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Dias XVIII

Um dia tudo vai ficar bem!

Hoje não é, certamente, esse dia. Provavelmente esse dia ainda está longe, mas vai acabar por chegar. 
Dói reconhecer que nos perdemos no caminho, que não sabemos como seguir em frente. Olhar em frente e não fazer ideia do que virá, do que devemos esperar, do que é conveniente sonhar ou não... 

Só queria conseguir ser feliz! não peço muito mais que isso. Eu sei que há pessoas com mais problemas e dificuldades, reconheço-o tão bem, mas eu queria conseguir, efectivamente aproveitar a vida... Viver! Sem dor, sem medo, sem correntes... 


Hoje, hoje dói-me a alma...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Desabafos XVIII

"Lembra-te de quem és. Foca-te naquilo que queres ser. Perdoa-te e perdoa o teu passado. Liberta-te do que te aprisiona e desvia do teu sentido de vida. Muda se for para melhor e reage com o coração aberto e o sentido desperto. Aprende e surpreende. Medita e reflecte. Faz melhor todos os dias e vive como se o teu destino te sorrisse a cada página que por ti é criada. Muda de vida, mas muda de dentro para fora."

"Lembra-te de quem és." Estou a tentar... mas não está a ser fácil, nos últimos tempos deixei de reconhecer algumas opções que fiz, não revejo aquilo que sou naquilo que faço.  É fácil dizer que papeis sociais (familres e profissionais) ocupo, mas quem sou é mais do que isso, ou pelo menos devia ser e é isso que não consigo encontrar...

"Foca-te naquilo que queres ser." Já soube, já soube claramente o que queria ser, agora já não sei. Ou melhor, se calhar sei, simplesmente já não sei se acredito que o consigo alcançar. Se não consigo, talvez o melhor seja mudar de planos...

"Perdoa-te e perdoa o teu passado." Pois... aqui está o grande problema, não sei se é possível perdoar... não sei se algum dia vou conseguir acalmar a minha consciência. Não sei se conseguirei olhar de cabeça levantada para algumas pessoas. Enfrentar determinados olhares, faz-me sentir tão indigna... 
"Liberta-te do que te aprisiona e desvia o teu sentido de vida." Neste momento acho que a única coisa que me aprisiona sou eu mesma, libertar-me de mim mesma, não me parece fácil e desviar o sentido de vida, implica que eu saiba que sentido tem ela agora e qual é que lhe quero dar... 

"Muda se for para melhor e reage com o coração aberto e o sentido desperto." Nesta fase acredito que mudar será sempre para melhor, mas não sei como o fazer... "coração aberto"?! Não, lamentavelmente, esse tem sido o erro, o coração tem estado demasiado aberto e isso faz com que seja um vitima muito fácil. Se calhar o "sentido desperto" é capaz de ser uma boa alternativa, acho que tenho que o começar a fazer, mas o coração tem ganho sempre, o que tem dificultado muito a concretização da mudança correcta. 

"Aprende e surpreende." Bem que queria aprender a não sofrer tanto e queria surpreender-me a mim mesma, mas do que aos outros. 

"Medita e reflecte." Isto eu faço, e é do resultado desta meditação e reflexão que resultam estes texto e que eu percebo que não sei quem sou, onde estou, para onde quero e devo ir... é nestes momentos que percebo que já fiz demasiados erros e que alguns não são passiveis de ser esquecidos ou perdoados...

"Faz melhor todos os dias e vive como se o teu destino te sorrisse a cada página que por ti é criada." Um dia, um dia vou conseguir ser assim... um dia...

"Muda de vida, mas muda de dentro para fora." Talvez seja este o caminho... Mas acho que estou a precisar de um incentivo externo... 

Enquanto estou na agitação dos dias, a vida vai fluindo sem grande dificuldade, o problema é quando o mundo pára um bocadinho e eu percebo que estou triste... que me sinto mal com tudo o que se está a passar. Pior é que me sinto completamente incapaz de resolver as coisas. Queria ter a coragem de pegar no carro e ir ter contigo, olhar-te nos olhos e perceber o que aconteceu, simplesmente para não sentir que tudo isto é efeito da minha cabeça... Há momentos em que penso que estou a ficar louca, e que sou eu que vejo coisas onde nunca existiram... 

E por estes lados, procura-se incentivo para viver...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Partilhas XXVII

"O mais difícil é o silêncio ao fim do dia

Não ouvir os teus passos pela casa

E não saber onde pára a alegria

Não saber onde pára a alegria

O mais difícil é dormir com a saudade

Acordar sem nunca te ver por perto

E o deserto no mar da cidade

E o deserto no mar da cidade

 O mais difícil é já não te ouvir cantar
Esconder fotografias

E viver sem saber que esperar

O mais difícil é já não te ouvir cantar

Esconder fotografias

E viver sem saber que esperar

Mas pior que perder

Seria não ter vivido

Seria não ter amado

Seria não ter sofrido

Mas pior que perder

Seria não ter vivido

Seria não ter amado

Seria não te ter tido 
O mais difícil é entrar no quarto vazio

Perceber como tudo está arrumado

E como tudo está sem vida

E como tudo está tão frio

O mais difícil é arrumar a tristeza

É não ter explicação

Desfazer toda esta incerteza

E o difícil é arrumar a tristeza

Não ter explicação
Desfazer toda esta incerteza"


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Porquês XII

"Como estás? Bem!" 
Esta é a conversa mais normal de se ouvir, ao telefone, nos corredores de um centro comercial, na rua, nas escadas da faculdade, nos parques de estacionamento...  

Só hoje acho que já me perguntaram isso uma dúzia de vezes e o dia ainda está longe de chegar ao fim. 

E não, não estou bem... Mas do que valia dizer isto? Ninguém o quer ouvir... Na verdade, a pergunta é feita, porque sim... e dizer que não se está bem, às vezes só nos faz sentir ainda piores. 

Não gosto de estar chateada com ninguém, faz-me sentir ainda pior. Não gosto de ter assuntos mal resolvidos e muito menos conversas por ter.
Ontem, deitei-me a chorar... Não por mim, mas por aquilo que algumas pessoas fazem com a sua própria vida. Como perdem a capacidade de amar os outros, como acham que tudo se resolve se não se falar do assunto. Como pensam que o silêncio e a ausência são a resolução de todos os problemas. 

Porque é que as pessoas não se sentam, não conversam e aí sim, dizem tudo o que têm a dizer e decidem juntos ou separados que caminho seguir?