sábado, 30 de junho de 2012

Histórias XXXIII


"Já se passaram alguns anos, nem sequer vinhas nos meus planos"

E esta podia ser a primeira frase da sua historia! Passaram anos deambulando ruas fora, em cidades diferentes, em passos desiguais e sentires desencontrados... 

Quando os planos deixaram de existir, quando os dias passaram a uma amalgama de afazeres uns depois dos outros, quando o tempo para sonhar deu lugar ao tempo para dar resposta às solicitação sociais que em nada os fazia mais feliz.. Aí sentiram que a sorte lhes tinha voltado as costas...

A descrença na vida, na sorte, na felicidade, nos sonhos ocupou o seu sentir, o seu respirar... Um dia, cruzaram-se por um acaso da vida, numa cidade que não era de nenhum dos dois... 

Sentaram-se lado a lado para assistir ao concerto que ia começar dentro de pouco mais de 10 minutos. Quando a musica começa a tocar, olham-se de forma estranhamente feliz, e ele diz-lhe:"Saíste-me a sorte grande?!" 

As oportunidades não são planos, são um pássaro de asa livre que não nos ocupa o dia, mas antes nos faz a vida!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dias XXII

Um dia vou sentir que me estou a apaixonar!

Acho que chegou esse dia...

Não sei se devia, nem percebo muito bem como é que está acontecer. Talvez de um momento para o outro me tenha sentido disponível para aceitar alguém ao meu lado, e "alguém" tenha aparecido...  sem pressa, saboreando lentamente o processo de reconhecimento e de conquista.

Na verdade, claro que há medo no meio de tudo isto... medo do que possa haver de confusão de sentimentos... medo de ser novamente um caminho errado, medo de que seja só de um lado... medo de não ser capaz de ter calma... medo de me ferir outra vez...

Mas, apetece-me correr o risco... apetece-me tentar, ousar...

Há dias em que a vida nos sorri, e as coisas boas acontecem mesmo.

Será sonho? Será realidade?

Um dia a resposta virá...

domingo, 17 de junho de 2012

Desabafos XXIII

"Bem sei que, muitas vezes, o único remédio é adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem, a dívida, o divertimento, o pedido de emprego, ou a própria alegria. A esperança é também uma forma de contínuo adiamento. Sei que é preciso prestigiar a esperança, numa sala de espera. Mas sei também que esperar significa luta e não, apenas, esperança sentada. Não abdicação diante da vida." (Cassiano Ricardo)


Há quem adie a vida, pensando que o tempo espera pelo momento certo, pela pessoa certa, pela oportunidade certa... Nada é certo e muito menos o tempo espera... A vida corre e os dias avançam uns depois dos outros sem se preocuparem se tudo o que devia ter acontecido aconteceu eu ficou por fazer. 

A verdade é que esperar não é uma forma de adiar, é antes uma forma de viver agindo, amadurecendo ideias, sentimentos, certezas, ganhando confiança em nós e nos outros.

Mas o melhor acontece quando estamos à espera de alguma coisa, às vezes nem sabemos bem do quê, e acontece outra completamente diferente... é o inesperado, que nos traz o sabor de aventura que muitas vezes no agita o pensamento e nos faz sair da zona de conforto que tanta vezes no impede de ser felizes. 

Importa não abdicar da vida, da felicidade, de nós mesmos... Ainda que muitos nos tentem fazer sentir inexistentes, ainda que muitos desejassem que não vivêssemos mais, a verdade é que vivemos, que existimos e que continuaremos a ser felizes e a esperar agindo pela alegria da vida que um dia chegará. 

Esperar vivendo... amando... sonhando... desejando... mantendo a cabeça erguida, o sorriso no rosto e a consciência tranquilo porque apenas fizemos aquilo que achámos ser o melhor. 

Um dia quando deixarmos de poder esperar, nesse dia teremos vivido, amado, desejado, seremos felizes e teremos ao nosso lado apenas quem fez por lá estar.





quarta-feira, 13 de junho de 2012

Partilhas XXXIII

"Primeiro, não queremos perder. 
É lógico não querer perder. 
Não deveríamos ter de perder nada:
Nem saúde, nem afetos, nem pessoas amadas.
Mas a realidade é outra:
Experimentamos uma constante alternância de ganhos e perdas.

Segundo:
Perder dói mesmo.
Não há como não sofrer.
É tolice dizer não sofra, não chore.
A dor é importante.
O luto também.

Terceiro:
Precisamos de recursos internos para enfrentar a tragédia e a dor.
A força decisiva terá que vir de nós, de onde foi depositada a nossa bagagem.
Lidar com a perda vai depender do que encontrarmos ali.

A tragédia faz emergir forças inimagináveis em algumas pessoas.
Por mais devorador que seja, o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer.

Quando é hora de sofrer não temos de pedir licença para sentir, e esgotar, a dor.
O luto é necessário, ou a dor ficará soterrada, seu fogo queimando nossas ultimas reservas de vitalidade e fechando todas as saídas.

Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse:
Bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis."

Lya Luft

Encontros XII

Há momentos em que é difícil encontrar a serenidade necessária à vida. A calma, a paz, a tranquilidade... Quando desenhamos os caminhos a seguir e por algum motivo não os conseguimos encontrar a frustração pode tomar conta de todo o espaço que fica para a felicidade ocupar. 

E há reencontros que nos agitam a alma, a mente, a vida... reencontros que nos encontram, que nos focam e nos centram. 

Na vida, há pessoas com quem nos desencontramos repetidamente e quando menos se espera, mas quando faz mais sentido e mais falta, encontramo-las... por acaso? por coincidência? porque os astros se alinham a nosso favor? porque são os nossos anjos protectores na terra? O porquê não sei qual é, mas sei que assim é... 

São pessoas destas que por vezes nos deixam perdidos, sem perceber porque "desaparecem" das nossas vidas e quando "reaparecem" queremos zangar-nos, mas não conseguimos, porque a sua energia, a sua mística, o seu estar ao nosso lado nos desarma e nos faz falta. Porque estão connosco quando precisamos de um ombro sem que lhes tenhamos dito que estávamos a precisar disso.  

Este é um reencontro que quero agradecer. A ti, mas mais que isso, a Deus e à vida por algures no caminho nos terem feito encontrar e sentir  no olhar um do outra a nossa alma... Se houve momentos em que nos desencontros se disseram coisas feias, é apenas porque a necessidade de encontro é grande e a ausência ou a eminência de ausência causa dor, uma dor que é exteriorizada por agressividade. 
Obrigada pela presença, pelo carinho... obrigada pela sinceridade... 

Há encontros que nos deixam de sorriso no rosco a cada vez que os lembra-mos, este é um deles. Ainda que a "vida nos leve para longe de nós" acredito que vamos encontrar sempre um espaço e um tempo para existirmos na vida um do outro... 

A vida é permitir que o inesperado aconteça, sem medo de perder o que não é nosso, sem medo de perder o que não somos... 

Obrigada por me ensinares a sentir mais e a pensar menos... Obrigada pelo encontro da vida!

domingo, 10 de junho de 2012

Erros IV

‎"Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projectar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu." (Lya Luft)

Com o passar dos anos o avolumar de memórias começa a ocupar um espaço que se torna necessário para viver os "presentes" da vida... a sabedoria da maturidade, trás essa capacidade de filtrar e seleccionar o modo de reserva da informação e das experiências já vividas. 

A capacidade de projectar de forma positiva as vivências passadas, faz com que nunca se esqueça quem se é, e aquilo em que se acredita. 

Lembrar o passado de forma presente e madura poderá ser a melhor forma de tornar eterno aquilo que nos fez felizes lá atrás. Não passa por ter saudade ou tristeza por já se ter passado, é sim a forma de manter presente e real um passado que amadureceu e tem reflexo naquilo que é o presente. 

Esta é talvez a forma de se crescer inteiro, de se viver sem negar quem fomos e o que fizemos. 

Um passado que vive presente, sem limitar caminhos, antes ajudando a escolher de forma mais segura o que se quer ser no futuro.