domingo, 27 de outubro de 2013

Partilhas XXXVII

Pedes-me espaço, pedes-me para ficar sozinho e eu fico sem saber o que sentir, o que pensar, o que fazer. 
Deixar-te é talvez das maiores dificuldades, porquê? Porque é assim... Não há razão... Porque te amo, é verdade, porque não te quero longe, não mais longe que estes quilómetros já nos deixam... Mas serão isso razões validas? Amar não é deixar livre?  

Surgem as perguntas, e delas surge a certeza de que te posso deixar ficar sozinho por um pouco, porque sei que vais voltar, porque confio em ti, no teu amor, no nosso caminho.

Na agitação dos dias, esquecemo-nos que a noite chega e que tem que ter valido a pena tudo o que se fez, que tem que se chegar à cama e sentir que demos mais um passo em frente, ainda que a meio da tarde tivéssemos dado 3 ou 4 atrás... Mas à noite é tempo de reflexão, de olhar para dentro e perdoar quem amamos e perdoar-nos a nós, para que ao amanhecer, mais um dia comece na expectativa de ser mais um passo em frente, mais um degrau subido.

Pedir perdão não faz o tempo voltar atrás, nem as feridas deixam de aparecer, mas mostra que o amor que se sente é mais forte e mais importe! Nem sempre o que nós sentimos como ferida é percebido pelo outro... nem sempre o dizemos, mas sempre o sentimos!

O amor incondicional passa pela aceitação plena do que somos, de como somos, mas não implica uma incapacidade de mudança e adaptação de parte a parte, mas implica, isso sim, a capacidade de perdão e de aceitação do que o outro é e do que o outro necessita.

É o momento de o longe ficar finalmente perto, de a ausência dar lugar à partilha e de o sentimos deixar de ser de se estar "a mais" ou a "perturbar", para passar a ser o de "fazer parte imprescindível do caminho" presente e futuro.

É tempo de dizer sim ao que és! De ouvir um sim ao que sou! E de aceitarmos que a vida só faz sentido juntos!

Amo-te Minha Vida!

Tempo I

É tempo de voltar a este espaço, de deixar os dedos mexerem e a mente fluir. É tempo de deixar bater asas o pássaro das palavras, de deixar soprar o vento da inspiração e de partilhar o que hoje sou.

Em todo este tempo de ausência tanto se passou, tanto aconteceu que difícil é lembrar tudo para aqui escrever, e não é essa a missão deste reencontro.

Antes de mais, no texto Sonhos II, foi criada uma lista de coisas a fazer antes dos 30:

Antes dos 30 quero:

1 - Fazer Mestrado e provavelmente Doutoramento; - O Mestrado está quase, quase..
2 - Ter um trabalho onde me sinta reconhecida, realizada e com perspectivas de crescimento; - Tem dias!
3 - Trocar de carro; - Não pelas melhores razões, mas já aconteceu... hoje tenho um carro de mãe de família!
4 - Fazer pelo menos 5 viagens; - Hm... não sei se já foram 5, mas já não deve andar longe...
5 - Comprar casa; - FEITO!
6 - Casar; - A caminho de acontecer, falta pouca mais de 10 meses... 

6 de Setembro de 2014!

7 - Ter um filho; - Em parte já o tenho... só ainda nenhum nasceu de mim...
8- Passar um fim de semana num parque com desportos radicais; - A FAZER!
9- Fazer férias a dois; -Tem acontecido, e é das melhores experiências da vida!
10 - Passar tempo de qualidade com a minha família e os meus amigos. - Nem sempre o tempo que gostaria, nem sempre com a qualidade que desejava, mas aos poucos tenho tentado dar valor ao que é de valor!

Com isto quero dizer que faltam pouco mais de 5 anos para os 30, mas esta lista está quase completa... tenho que começar a pensar em criar novos desafios, porque disso é feita a vida desafios, conquistas, derrotas, mas sempre de aprendizagens...

Em mais de 3 meses marcou-se um casamento, escolheu-se um espaço, um tema, quase, quase um vestido... e sim, ainda falta muito tempo, mas a vontade de ver esse dia chegar é cada vez maior! Para mostrar aos outros?! Não... Para celebrar o nosso amor, para fazermos da nossa união uma festa em comunhão com os que melhor nos querem! Ainda que nem todos possam estar fisicamente presentes, porque o tempo os foi levando para longe, estarão no nosso coração, no nosso pensamento e a sua presença será igualmente sentida. 

Este são os dois novos desafios:

1. Acabar o Mestrado até Dezembro;
2. Construir o caminho da celebração do amor em harmonia e comunhão até ao dia 6 de Setembro quando a festa dará lugar a uma vida de união!

Há uma diferença, hoje sei, que não são desafios só meus... são desafios só possíveis de alcançar se partilhados com os outros. 

É tempo de dar ao tempo a oportunidade de me levar lentamente ao momento em que o tempo para e ficamos apenas nós!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Crianças VII

Querido R, pintassilgo, 


Hoje sento-me de pernas à chinês em cima da cama, com as costas contra a parede e o olhar fixo neste ecrã onde as letras vão aparecendo à medida que carrego nas teclas. 
Independentemente do que se passa no resto do mundo e numa parte da minha vida, hoje quero falar contigo, ou melhor, escrever para ti. 

Entras-te pé ante pé no meu coração e na minha vida. Saltas-te para o meu colo, e lá passaste meia sessão de cinema... foi tão bom partilhar contigo a tua primeira ida ao cinema... Se no momento seguinte a distancia e a grande ausência nos fez estranhar a presença um do outro, quando te fui visitar ao teu "reino" parece que sempre tínhamos feito parte da vida um do outro. 

Obrigada R por me teres recebido dessa forma tão natural, mágica, inteira e sincera como na verdade só as crianças conseguem ser. 

Aquele "é a ******?!" quando te passavam o telefone é simples mágico e preenche as lacunas que algumas dores vão deixando na nossa alma...



Na verdade tu fazes parte da minha vida de uma forma muito intensa e gosto de ti de uma forma muito especial, é um sentimento demasiado forte para o conseguir transpor para palavras. Tenho saudades do teu abraço, dos teus beijinhos e dos teus miminhos... tenho saudades de te dar a mão, tenho saudades de te ter no meu colo e de sentir que te posso fazer feliz por algumas horas... Tenho saudades tuas... 

Sabes, os adultos são complicados de mais, e muitas vezes esquecem-se que é na simplicidade dos sentimentos que está a essência da vida... Obrigada por me teres deixado cuidar de ti, por me teres aceite na tua vida e por me teres amado e deixar-te amar... 

Venha o que vier, serás sempre o meu pintassilgo, e na verdade o meu primeiro filho...  

Gosto mesmo de ti tartarugo júnior!

domingo, 7 de julho de 2013

Cafés XXIII

Meter a chave à porta e saber que do outro lado nos espera apenas uma casa cheia de objectos mas onde a vida ainda não existe é doloroso e deixa uma sensação de inquietude muito grande.

Entrar, sentir o calor acumulado de uma semana de temperaturas altas e o frio da solidão é um choque térmico demasiado grande para quem na verdade precisa de uma brisa que refresque o corpo e de um abraço que aqueça a alma...

Olhar para tudo o que existe naquela casa, lembrar a forma como foi escolhido, montado, colocado, pensado e sonhado... Lembrar como foi "viver" cada um daqueles objectos pela primeira vez, desperta um sorriso no rosto e um orgulho grande por sentir que conseguimos concretizar tudo o que idealizamos para aquele espaço. Fica, no entanto, o vazio da tua ausência, a saudade e a incerteza de quando terei a certeza de ter vida por trás da porta quando a abrir...

Quando as lágrimas correm sem parar e o medo da solidão se torna insuportável, só um café sem açúcar pode trazer a lucidez dos pensamentos e a clareza das decisões.... Faz-me falta o teu sorriso, ali na cadeira, encostado à parede, a tua mão estendida em cima da mesa à espera da minha... Faz-me falta a tua presença e a certeza que basta virar-me e posso abraçar-te... Na verdade nem um café consegue acalmar a dor da tua ausência...

Há cafés assim, que não mudam nada... Porque o vazio continua vazio e a ausência não se transforma em presença....
Espero por ti para que o próximo café seja cheio de vida!

sábado, 11 de maio de 2013

Família III

A família claramente cresceu! Há laços que se tornam fortes o suficiente para termos a certeza que somos família!

Na relação entre um homem e uma mulher que se amam deve haver espaço para a partilha, a amizade, a ternura, o carinho, os puxões de orelhas, as chamadas de atenção, mas principalmente tempo para a cada momento pôr mais um grão de areia na relação entre ambos e com o mundo!

Somos dois, ou três, ou quatro... ou quantos quisermos contar... Mas eu e tu somos na verdade a junção entre um céu e um mar que de tão imensos por vezes nos perdemos na descoberta um do outro, mas sabemos que o horizonte é sempre o nosso ponto de encontro, onde conseguimos ser o porto seguro um do outro!

Não quero fazer deste texto uma carta de amor, quero apenas que ele seja a revelação que encontrei a minha família, aquela que eu escolhi, ou que me escolheu a mim... quero apenas que fique registado que dia a dia me sinto mais feliz com esta nova fase da minha vida! 

Já o disse muitas vezes, mas é tempo de reforça-lo, ter a oportunidade de viver assim é uma graça demasiado grande para não ser vivida e alimentada a cada instante!

O fim de semana do "Rumo Certo" mostrou sem qualquer sombra de medo o que é sermos família, o que é bom, o que é menos bom, mas principalmente a imensidão do caminho que temos pela frente e a reunião de todas as condições necessárias para mostrarmos nesta vida o que é AMAR!

A 1 ano, 3 meses e 25 dias do grande dia, só quero dizer, mesmo antes desse dia: SOMOS FAMÍLIA! 

Dias XXVII

Um dia vamos ter a nossa casa!

Esse dia já aconteceu! E a sensação de entrar ao colo na casa onde teremos a oportunidade de construir o nosso lar é simplesmente indescritível! Poderíamos dizer que estamos enormemente felizes, mas na verdade acho que a sensação é ainda maior e mais intensa.

Passar horas e dias a sonhar com este momento e vê-lo acontecer assim, de forma veloz e depois de tanto esforço e agitação é sem duvida a prova de que o bem vence sempre e que os bons ventos estão a chegar!

Depois de uma fase de maus ventos e de muitos espinhos, é tempo de colher as flores e coloca-las nas jarras da ternura, da tranquilidade, da certeza, da sinceridade e do futuro!

O dia em que uma casa deixa de ser paredes e chão e passa a ter a alma da historia conjunta de todos os seres que por ela vão passar pode dizer-se que a vida passa a ter um sentido de existência que permanecerá para sempre!

Foi um dos dias mais felizes da minha vida!

Sonhos VII

Sonhar a dormir e sonhar acordado! Sonhos bons e sonhos maus! Sonhos concretizados e sonhos por realizar!

2013 começa por ser o ano de um sonho mau se tornar realidade. 

Perceber que momentos maus, muito maus da nossa vida são a chave para abrir a porta do futuro e do caminho da concretização e da realização de sonhos bons e de criação de novos sonhos, é difícil de perceber. 

Caminhar tempo fora, correndo atrás dos papeis que fogem, das decisões que voam, dos pedidos que surgem de todo o lado ao mesmo tempo, faz com que nem sempre se consiga sentir o sabor incrível que as concretizações dos sonhos têm. 

Antes dos 30 eu queria muita coisa, algumas estão espelhadas no texto "Sonhos II", e hoje posso dizer que algumas já estão concretizadas. Nem todas por iniciativa ou vontade própria (como o carro), mas aconteceram e são sem duvida fruto de grande alegria e satisfação. 

2013 é hoje o ano das grandes surpresas e de muitas concretizações. 

Os sonhos bons podem no caminho da concretização ter momentos duros e maus em que a vontade de desistir é muito grande, mas depois olhamos para todo o processo e percebemos que o objectivo final vale a pena todo o esforço que temos que fazer para lá chegar. 

2013 é o ano do AMOR, da FAMÍLIA, dos SONHOS e por fim o ANO das pipocas! 


sábado, 16 de março de 2013

Eu IX

Em seis meses vi a minha vida correr a uma velocidade que nunca pensei ser possível. O número de acontecimentos inesperados nos últimos seis meses foi enorme. 

Olhando para lá vejo que o crescimento foi tão grande... Parece que em seis meses subi dois pisos e com isso muitos degraus da vida. Se tem sido um crescimento fácil? Não, nada mesmo, alias tem sido um crescimento desgastante, duro e de muita luta. 

Perceber que há efectivamente pessoas más no mundo, daquelas que são reais para nós, que nos estão próximas, não aquelas que vemos na televisão, mas aquelas que fazem parte da nossa história de vida. Perceber que há efectivamente quem nos queira fazer mal, sem ter na verdade um verdadeiro motivo para tal (se é que há algum motivo para fazer mal a um ser humano). 

Ver as diferenças de conceitos de família e a forma como se trata quem tem o mesmo sangue... 

Sentir na pele a perda de controlo da vida e dos acontecimento, ver como de um momento para o outro passamos a ser nada, faz-me mudar a forma de ver, de estar e de sentir a vida!

Eu sou agora uma mulher com a cabeça cheia de problemas para resolver e que vai tentando priorizar da melhor forma possível as decisões e as acções. E se há momento na vida em que tudo parece uma luta constante, este é um deles. Tudo tem exigido muito esforço, muita luta, muita dedicação... 

Sinto que o cansaço já é muito, mas sei que algumas conquistas ainda vão levar tempo a chegar e que a luta ainda está para durar. Desistir tem sido uma ideia presente algumas vezes, não o é agora... agora é tempo de continuar de cabeça erguida e por mão à obra, continuando no caminho da conquista, esperando que aos poucos algumas lutas vão sendo ganhas e com isso a vida vá começando a ter um sabor mais leve. 

Por momento, sinto-me a desistir, a ir abaixo, a perder as forças, a pensar que são demasiadas dificuldades, problemas para uma pessoa só... e verdade seja dita têm sido umas quantas e todas ao mesmo tempo. Mas vem a força e a garra característica da pessoa que sou!

Talvez esteja a pagar uma conta antiga que deixei em divida algures no passado. Espero que no fim de tudo isto a conta fique saldada. 

terça-feira, 5 de março de 2013

Desabafos XXVII

Crescer dói!
Os anos vão passando e com o avançar dos passos que mostram a chegada efectiva da idade adulta, começa a ficar o sabor amargo de ter que deixar (em parte) o que foi a vida até então. 
A sensação de crescer e deixar para trás a dependência e a estrutura segura existente é assustadora. 

Crescer mete medo!
Custa dar o passo, custa assumir que é tempo de sermos nós por nós mesmos. Afirmar dentro de nós que é chagada a altura de partir rumo à nossa vida é um processo demorado e doloroso. Depois de dado este passo, nada volta a ser como antes. 

Crescer é um processo!
Processo de lutos, de perdas... processo de ganhos, de conquistas... muitas vezes um processo solitário e diferente em cada um de nós, pelas escolhas, mas mais que isso por sermos quem somos.

Crescer é preciso!
Só crescendo, e aceitando que é chegado o momento de o fazer, que há perdas inevitáveis para que outras conquistas sejam possíveis, nos podemos tornar adultos na sua plenitude. Só aí descobriremos quem realmente somos, e como faremos para chegar ao nosso objectivo maior...

Crescer é inevitável!
Por mais voltas que se dêem, por mais que se tente evitar... A bem ou a mal, acabamos por crescer!

Crescer é um degrau alto, mas necessário à vida!


Cafés XXII

As certezas foram dando lugar ás dúvidas, as esperanças ao medo, os sonhos à desilusão... À medida que o tempo ia passando, o caminho que fazia cada vez mais sentido, parecia cheio de nevoeiro e com muitos outras alternativas a aparecerem...   

As noites davam lugar aos dias, sem que o sono conseguisse permanecer todo o tempo que devia. O sorriso deu lugar às lágrimas e à cara cansada e triste... 

O tempo trouxe consigo um cenário frio, triste e cinzento que nunca pensou que viria a acontecer. 

Sentiu-se determinada a mudar o rumo dos acontecimentos. Entrou no primeiro café que encontrou. Sentou-se à mesa, pediu um café. Ligou o computador à sua frente e começou a escrever uma carta. A carta tinha já mais de duas páginas, ali está a tentar transparecer tudo o que há dias não lhe saía do pensamento. Escreveu sem parar, até que sentiu que não havia muito mais a dizer. Guardou o documento, desligou o computador, pagou o café e saiu. 

A carta foi entregue às pessoas que pretendia que fossem, foram quatro cartas... Mas não foram entregues por si... E quando os destinatários as receberam já ela estava do outro lado do oceano, sentada a olhar o mar com uma chávena de café entre as mãos. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dias XXVI

Um dia vou lutar por ter uma oportunidade de mostrar quem sou!

Esse dia não é hoje, nem amanhã, e muito provavelmente não será a curto prazo... Mas um dia, eu quero acreditar que vai acontecer. 

A vida não pode ser injusta a ponto de não permitir que venha a mostrar quem sou, o que sou e o porquê dos acontecimentos. Não sei se mostra-lo vai mudar os pré-conceitos já existentes... não sei se algum dia me vão conseguir aceitar... sei que o lugar dificilmente será meu, por tudo, mas principalmente pelo passado, pelo presente, pela forma como o caminho foi percorrido até aqui! 

A vida dá muitas voltas e cometem-se muitos erros, muitas injustiças e tomam-se decisões no calor do momento. Quando a dor é grande, da boca saem palavras que na verdade não estão na alma, são a magoa a sair... Quero crer que a relação fraterna da família permite erros, e é capaz de perdoar...  Quero acreditar que apesar de não se concordar com os passos, se consegue dar apoio, porque quem ama deixa ir, mesmo pensando que o caminho é um erro, deixa ir... deixa cometer o erro e fica à espera para ver o que dá o caminho escolhido. E se não correr bem?! Se não correr bem, "ralha", mas perdoa... porque se assim não for, onde está o amor de irmão? Onde está a capacidade de perdoar? Amar não é afinal isso mesmo, deixar livre e perdoar?

Esta guerra não é directamente minha, e apesar de estar muito envolvida no que a motiva, tenho consciência que nesta fase me tenho que manter afastada de tudo isto, pelo menos até que tudo esteja minimamente resolvido e se entendam as verdadeiras razões. Acredito que, apesar de tudo o que já se pensa sobre mim, a curiosidade de saber quem sou e como sou é grande, e um dia essa curiosidade vai ser desfeita. 

Não tenho direito a pedir nada, eu sei... Mas ainda assim, vou fazê-lo, quando a dor diminuir um pouco, dêem-me apenas uma oportunidade... Mas se não a quiserem dar, pelo menos não fechem a porta, nem virem as costas a quem é vosso e apenas deu os passos no tempo errado... 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Erros VII

"Se eu morrer antes de ti, faz-me um favor:
Chora o quanto quiseres, mas não te zangues comigo.
Se não quiseres chorar, não chores;
Se não conseguires chorar, não te preocupes;
Se tiveres vontade de rir, ri;
Se alguns amigos contarem algum facto a meu respeito, ouve e acrescenta a tua versão;
Se me elogiarem demais, corrige o exagero.
Se me criticarem demais, defende-me;
Se quiserem fazer de mim uma santa, só porque morri, mostra que eu tinha um pouco de santa, mas estava longe de ser a santa que me pintam;
Se me quiserem fazer um demónio  mostra que eu talvez tivesse um pouco de demónio  mas que a vida inteira eu tentei ser boa e amiga...
E se tiveres vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diz apenas uma frase:
-"Foi o meu amor, acreditou em mim e sempre me quis por perto!"
Aí, então deixa cair uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para viveres como quem sabe que vai morrer um dia, e para morreres como quem soube viver da forma certa.
A Amizade e o Amor só fazem sentido se trouxerem o céu para mais perto..
Se eu morrer antes de ti, acho que não vou estranhar o céu.
Ter-te na minha vida já é um pedaço dele..."

Errado não é querer partir primeiro que quem amamos, errado é querer partir antes de tempo... Errado é pensar em partir sem pensar na dor que se causa a quem não vai... a quem fica...

Há um tempo e um lugar... enquanto não for a hora, é tempo de fazer desta estadia, uma estadia com sentido!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Histórias XXXVII

Deitou-se no final de um dia repleto de imprevistos, com a cabeça cheia de pensamentos duros e questões sem resposta. Uma hora depois ainda não dormia, viu todos os minutos a mudarem no relógio do telemóvel. Olhava para o ecrã do telemóvel sem parar à espera que o relatório, da ultima mensagem que tinha enviado, chegasse, mas desta vez dizendo: "entregue" e não "pendente".

Resolveu sentar-se na cama, puxou os joelhos ao peito, abraçou-os com força e pouso a cabeça em cima deles. As lágrimas começaram a sair uma por uma, como um fio corrente de água sem parar. A angustia de não saber onde estava, de nada conseguir fazer para saber ou para lhe diminuir a dor que sabe o está a  consumir dia a dia, era de tal forma grande que o aperto no peito lhe dificultava a respiração.

Levantou a cabeça, sentiu o telemóvel vibrar... o relatório, finalmente! Na verdade, bastava-lhe saber que ainda estava vivo e bem. Sem ter tempo de enviar outra mensagem, já ele lhe ligava, atendeu e do outro lado apenas ouviu: 


Ela apenas lhe disse entre lágrimas: "Não te vás embora! Não nos deixes assim!"
Do outro lado, continuava a música e sem aviso prévio ele desliga! Tenta ligar-lhe de volta, mas já o telefone estava desligado novamente. Volta a angustia, o medo e a incompreensão da situação. Pergunta-se sem parar porque é que ele não a deixa ficar, porque é que não partilha a sua angustia com ela, nem que ficassem em silêncio, apenas com a cabeça dele no colo dela, à distancia de um ecrã a olharem dentro dos olhos um do outro... Não importa, apenas ali, a ver a alma um do outro... 

Acabou por se deixar dormir por entre lágrimas, soluções, perguntas, medos, angustias, orações... "Que Deus te guarde e nos leve onde achar que devemos ir".

Ao acordar, pela manhã, a angustia já não existia, a preocupação sim, mas o medo já não existia. Tentou ligar-lhe mas o telefone continuava desligado... Arranja-se sem vontade, prepara-se para sair... Sai, dirige-se ao carro e tinha no vidro uma carta: "Vim para ficar!"
Olha à volta... Ele estava ali, em pé, à porta do seu prédio, de onde ela tinha acabado de sair... Dirige-se a ela e diz: "perdoa-me por esta noite, mas eu tinha que vir... sem ti, nada faz sentido... não consigo mais estar longe. Desta vez, vim e fico, não volto"

Ela olhou-o com ternura, com um amor sereno que só quem realmente se ama consegue sentir, e diz: "Eu sabia que vinhas!"

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Encontro XVII

Quando no dia 20 do passado mês, houve um encontro desastroso com um rail, quando se sente que o controlo deixa de ser nosso e a vida pode chegar ao fim, não é luz, nem paz, é medo o que se sente. 

Encontrar na eminencia do fim a força para recomeçar, é um trabalho diário e custoso. A cada instante a lembrança do terrível encontro surge sem que se consiga controlar. As noites são repletas de sobressaltos em que imagens, sons e palavras tomam conta de toda a tranquilidade que o leito de repouso devia permitir. 

Passado o susto, e consciente de tudo o que podia ter acontecido e não aconteceu, é tempo de agradecer a Deus por ali ter estado, naquele momento em que tudo podia ter chegado ao fim. Com poucas marcas físicas, ficam as outras, as que vã durar para sempre, aquelas que nunca vão deixar esquecer o que naquela tarde de dia 20 aconteceu. 

E fica este dia marcado como um ponto de viragem no caminho de uma vida. Pela forma como se passa a olhar para o caminho, como se passa a respeitar o inesperado, como se começa a entender que não temos que ter o controlo de tudo para sermos felizes. Mas mais que isso, foi num momento de "partida" que se deram os primeiros passos oficiais para o"começo".  

Quase três semana depois, a imagem não foi embora, o som ainda cá está, o medo teima em reaparecer, mas a certeza de que começa uma nova vida é grande, a sensação de que é uma nova oportunidade faz passar o medo e a angustia das recordações. 

Sem falar dos contornos estranhos do acidente, quero deixar a ideia de que o Bem vence sempre o Mal! 

Ainda por aqui ando, consciente que não controlo quando deixarei de andar!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Família II

Uma criança no outro dia comentava que estava a fazer a árvore genealógica na escola e não havia espaço para os tios. 

Hoje resolvi passar algum minutos da minha manha a reflectir sobre este facto. E parece-me que hoje muitas famílias ainda se prendem à estrutura rígida das árvores apresentadas nos livros escolares, àquilo que aprenderam enquanto crianças.  

A família é na verdade uma pintura abstracta e moldável à medida que o tempo vai passando, há traços mais difíceis de desenhar, que nos fazem partir o bico do lápis dezenas de vezes, mas se forem para ser feitos serão. E desses traços quantos outros vão sair? Não sei, nem ninguém sabe, só no fim se podem contar quantos são os traços pertencentes à vida de uma família. 

Quantos traços se intercruzam? Quantas pessoas se ama? Que pessoas se cuidam entre si? Quantos laços se quebram? Não sei responder a nenhuma destas perguntas, sei apenas que nada é rígido na vida do ser humano, e como uma família é constituída por seres humanos... Também ela não pode ser rígida. 

Acho que as escolas deviam repensar os modelos de família que apresentam e acho que as pessoas deviam saber aceitar as mudanças e perceber que uma mudança leva tempo a acontecer, mas acontece e acaba por correr bem!

Momentos e Reflexões II

Cá estamos nós! Mais um ano e ainda há vida neste blog!

Ao olhar só para o número de textos, é verdade que este último ano foi menos rico, escrevi menos, passei por aqui menos tempo a escrever, em especial nos últimos meses, talvez porque tenha passado mais tempo a viver a realidade do mundo e da humanidade. 

Foi um ano de reviravoltas, mudanças, conquistas, derrotas, mas foi o ano que me trouxe o amor, a perspectiva cada vez mais próxima de uma família e do futuro que idealizei para mim, um lar feliz e repleto de amor. 

Este ano trouxe pessoas e erros, entre os dois trouxe a nova família. 

Ainda que é menor número não deixaram de ser momentos com reflexões menos profundas ou intensas. Este ano foram muitas as pessoas que chegaram a este blog, foi crescente o número de visualizações, o interesse e o reflexo das minhas palavras.
Foi também este ano que as minhas palavras saltaram as paredes deste blog e voaram para as malhas das redes sociais. É bom sentir que as pessoas gostam e se identificam com o que eu escrevo, e sem saber quem sou, melhor ainda... deixa-me mais confortável!

A reflexão do momento em que estou diz apenas que: Vou ser Feliz!


domingo, 6 de janeiro de 2013

Desabafos XXVI


O sorriso não consegue aparecer quando nos sentimos traídos nos nossos sonhos, nos nossos desejos, no nosso caminho... Quando nos sentimos abandonados no barco que não era só nosso... 

Por pior que por vezes nos comportemos, não é justo que nos tentem mostrar, o que sofrem com isso, através de comportamentos que sabem que nos vão magoar.

A noite passa, uma hora depois da outra, uma lágrima e outra, e outra e não param... e a cada lágrima mais um vinco na alma, mais uma ferida no coração e menos um motivo para sorrir, menos um motivo para acreditar. E quando a noite traz a manhã e com ela a esperança de que tudo se vai resolver, o dia converte-se em noite e tudo fica ainda pior, a magoa cresce, os vincos transformam-se em feridas maiores e começam a sangrar. 

Quando nos começam a faltar as forças para tentar resolver tudo, quando as dúvidas começam a ocupar um lugar muito maior do que alguma vez ocuparam, quando as certezas se vão embora... quando tudo isto acontece o que fazemos? 

Perceber que afinal há coisas que são ditas em determinados momentos que depois quando se podem concretizar não são bem assim dói muito... 

Não há previsão de que se volte a ver sorrir quem acreditava fortemente que era possível... 

Crianças VI

As notícias surpreendentes trazem outra magia à vida... quando são noticias de vida deixam-nos ainda com mais luz no rosto e felicidade no coração!

Mais um bebé, mais um ser, mais uma pessoa que aí vem... na verdade, não é mais um... este será um ser muito especial, tão especial como quem o gera, como quem o faz crescer. 

Se ao longo dos anos, as amigas têm sido mães e isso me deixa feliz, esta novidade deixou uma felicidade diferente e maior... talvez pela sinceridade da amizade e da partilha, talvez pela grandiosidade do ser que me deu a notícia... talvez porque as almas se encontram finalmente... 

Em breve, espero vir a ter a oportunidade de ter nos braços este ser que já é tão amado e sei que muito desejado. Em breve, poderei dizer-lhe o quanto a mãe é especial e quanto acredito que ele (o bebé) também será... 

E este sobrinho emprestado tem, e terá sempre, um  lugar muito especial no meu coração e espero que o consiga vir a ter também na minha vida. 

Bebé de luz não te esqueças nunca que o brilho da vida está em cada passo rumo à conquista!