domingo, 7 de julho de 2013

Cafés XXIII

Meter a chave à porta e saber que do outro lado nos espera apenas uma casa cheia de objectos mas onde a vida ainda não existe é doloroso e deixa uma sensação de inquietude muito grande.

Entrar, sentir o calor acumulado de uma semana de temperaturas altas e o frio da solidão é um choque térmico demasiado grande para quem na verdade precisa de uma brisa que refresque o corpo e de um abraço que aqueça a alma...

Olhar para tudo o que existe naquela casa, lembrar a forma como foi escolhido, montado, colocado, pensado e sonhado... Lembrar como foi "viver" cada um daqueles objectos pela primeira vez, desperta um sorriso no rosto e um orgulho grande por sentir que conseguimos concretizar tudo o que idealizamos para aquele espaço. Fica, no entanto, o vazio da tua ausência, a saudade e a incerteza de quando terei a certeza de ter vida por trás da porta quando a abrir...

Quando as lágrimas correm sem parar e o medo da solidão se torna insuportável, só um café sem açúcar pode trazer a lucidez dos pensamentos e a clareza das decisões.... Faz-me falta o teu sorriso, ali na cadeira, encostado à parede, a tua mão estendida em cima da mesa à espera da minha... Faz-me falta a tua presença e a certeza que basta virar-me e posso abraçar-te... Na verdade nem um café consegue acalmar a dor da tua ausência...

Há cafés assim, que não mudam nada... Porque o vazio continua vazio e a ausência não se transforma em presença....
Espero por ti para que o próximo café seja cheio de vida!

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