domingo, 13 de novembro de 2011

Histórias XXI

Uma tarde de fim de verão senta-se na sua secretária, pega num caderno, abre-o a meio... ao lado do caderno tem um envelope, uma caneta e... o convite para o seu casamento...
Pega na caneta e começa a escrever aquilo que guardou dia após dia dentro de si, guardado num silêncio que por vezes era doloroso. No dia em que resolveu marcar a data do casamento decidiu que lhe ia enviar um convite e uma carta com a sua confissão. 

Assim, anos depois de ter posto um ponto final, sem explicações ou conversas, a uma das maiores loucuras que fez na sua vida, volta a falar do assunto com ele...

"Como é que nos podemos gostar tanto de alguém em tão pouco tempo, sem haver um conhecimento maior do que é a pessoa e do que quer para a sua vida? 
Esta foi a pergunta que me fiz naquela altura. E sabes, acho que cheguei quase a amar-te, mas a tua situação inviabilizava essa hipótese. Ainda esperei que me quisesses na tua vida, esperei que me desses um sinal de que valia a pena correr o risco de esperar mais um pouco por ti, mas esse sinal não chegou. Senti-te distante depois daquela noite mágica. Senti que foste agindo de forma a fazer com que eu me quisesse afastar, talvez para eu não me magoar por sentir que me rejeitavas... Se eu sinto que me amaste? Sinceramente, se não sentisse, não estava a escrever-te anos depois. 
Acho que nos amámos na verdade, acho que sentimos um pelo outro aquilo que qualquer homem, ou qualquer mulher deviam ter a oportunidade de sentir e viver. O problema é que simplesmente não conseguimos ser mais fortes que a sociedade, não conseguimos ser loucos, e tivemos medo de correr o risco. Eu tive medo de esperar em vão, tive medo de me prender a um sonho que tu não querias tornar real e tu, tu talvez tenhas tido medo de te arrepender depois. 

Agora que resolvi construir a minha família, agora que me deixei prender por alguém de quem gosto, não como gostei de ti, mas de quem gosto o suficiente para coabitar saudavelmente comigo, acho que finalmente percebi o que aconteceu. 

Tivemos medo de amar... Porque amar é não prever o amanhã, é não mandar em nada... e nós tivemos medo de perder o comando das nossas vidas...
Hoje teria feito diferente, teria pelo menos esperado mais um pouco pela tua resposta, mesmo que ela me mostrasse que estou errada em relação ao que acho que sentias. Mas teria esperado e teria aceite amar... Gostava de partir, um dia, com a certeza que valeu a pena estar por cá... e virei as costas a esta oportunidade de viver livremente... 

Talvez esta carta seja uma última tentativa de amar contigo a meu lado... Envio-te o convite, não para estares presente, mas porque é essa a data limite para fugires comigo para o mundo dos sonhos onde eu sou a princesa e tu o meu amor...
Com amor
A tua princesa" 

Pegou na carta, no convite, colocou tudo dentro do envelope. Meteu o envelope dentro da mala, pegou no carro e em vez de o levar aos correios, foi ter com ele...  Entrego-lho em mão... Quando se olharam, os olhos encheram-se de lágrimas... era tarde de mais...

Um mês depois, ela casou!

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