quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cartas V


"Hoje escrevo-te uma carta com música, essa é a vantagem de ser uma carta digital... Hoje senti-me especialmente feliz... é estranho, eu sei... Mas senti-me muito feliz. Acho que atingimos um ponto de cumplicidade incrível, acho que hoje chegámos lá...
A vida é feita de inicio e finais de encontros e desencontros e hoje acho que foi cheia de encontros. Senti que te encontraste contigo própria, que eu me encontrei em algumas coisas que andavam perdidas e mais que isso, encontrámo-nos uma à outra de uma forma muito bonita...

Sabes, na verdade acho que só hoje te perdoei... não te quis dizer, achei que te ia magoar, mas é a verdade. Foi hoje, hoje perdoei-te tudo o que aconteceu, e não não foi ao final da tarde, foi ali, dentro do meu carro, quando a minha voz tremeu, porque as lágrimas encheram os meus olhos... Hoje perdoei tudo o que me magoou, hoje fechei as feridas e não ficam cicatrizes, hoje sinto-me orgulhosa da escolha que fiz... hoje reencontrei um bocadinho de mim que andava perdido no caminho... Hoje sinto-me preparada para falar do que quiseres, do que foi bom e do que foi mau... hoje chegou o dia!


Quando olho para a minha vida, quando tenho que tomar alguma decisão que implica mudança para além de mim, tu estás também na lista de aspectos muito importantes a verificar... acho que nunca me fez tanto sentido a frase: "és eternamente responsável por aquilo que cativas"...  

Entraste há muitos anos, ficarás por muitos mais, hoje tenho a certeza que nada, nem ninguém destruirá isto... que nada, nem ninguém nos voltará a afastar... 

Hoje, é este o dia, que deves recordar... Como um dia de mudança...

Estou aí sempre, basta fechares os olhos e sentirás que tens a cabeça apoiada no meu colo e que as minhas mãos te afagam o cabelo...

GMT Mana do meu coração" 
 

Histórias XIII

Depois de uma longa conversa cheia de provocações na noite anterior, acorda com uma mensagem dele a convida-la para ir dormir lá a casa. Ela pensa se o deve fazer, mas precisa de provar a si mesma que pode ser feliz com outra pessoa... mal sabia como se estava a enganar.

Passa o dia a ansiar que chegasse a noite, tinham combinado tudo por alto. O dia passa, lentamente, chega a noite e nada... espera que ele lhe ligue, lhe envie uma mensagem, mas nada acontece. Até que o telefone toca e é ele.

Ele -"onde estás?"
Ela - "em casa, onde nos encontramos"...

E assim combinaram um ponto de encontro, ele foi busca-la, foram no carro dele até casa dele... 

Entraram, ele tinha passado os últimos dias fora de casa, por isso ela ajudou-o a organizar tudo e foram trocando algumas caricias e algumas recordações daquilo que foram as suas vidas na infância e na adolescência. Sim, conheceram-se já adultos e as suas origem era muito diferentes...

As horas foram passando, as músicas que ele lhe ia mostrando iam passando uma depois da outra... a casa ficou organizada e a musica ficou mais baixa... 

Passaram a noite juntos, sem promessas, ele disse-lhe dezenas de vezes naquela noite que não a queria magoar e que não iriam ter uma relação, mas ela queria provar a si mesma que conseguia ser feliz assim...

Mal passaram pelo sono, nas primeiras horas da manhã ela diz-lhe que não pode ficar até muito tarde... ele levanta-se vai tomar banho, volta e ela estava a dormitar enrolada nos lençóis... ele diz-lhe "princesa agora é que dormes?"... ela abriu os olhos, olhou para ele e sentiu que foi feliz naquela noite...

Ele levou-a a casa, deixou-a longe o suficiente para não serem vistos juntos. Depois dessa noite só voltaram a falar meses depois...

Ela descobriu que tinha perdido um bebé... Saber que tinha um ser dentro de si depois de já o ter perdido causou-lhe uma dor profunda, nunca lhe contou... viveu esta dor sozinha, dentro de si mesma... e a esta dor juntava a raiva de si própria por não se arrepender do que tinha feito aquela noite...

O tempo foi passando e hoje são amigos, ele não sabe o que aconteceu, não sabe nem nunca saberá que naquela noite conceberam uma criança que não chegou a nascer... não sabe que a história deles foi mais que umas saídas, umas conversas e uma noite... Nunca entenderá quando ela lhe diz que a amizade deles nunca será "normal"...

Hoje ele tem uma relação estável com outra pessoa e ela... Ela ainda está a tentar voltar a gostar de si mesma e a procurar forma de voltar a confiar nos outros... Já não tem raiva de si própria, só por de vez em quando ainda ter saudades dele... mas assim como vêm, vão... e fica-lhe o sabor amargo de sentir que pode nunca mais voltar a ter um ser dentro de si...


Crianças II

As crianças são todas muito diferentes umas das outras... hoje apetece-me escrever sobre uma em particular, desculpa não te ter pedido autorização, quando fores maior prometo que te mostro isto, combinado?

És um ser pequenino, vá mais ou menos pequeno... porque achas que a mini sou eu...

Sabes, sinto-me triste por não ter acompanhado estes teus primeiros anos de vida... Acho que te peguei ao colo uma vez...  isso magoa-me... Mas foi por minha culpa, não penses que a culpa foi dos papás, não foi... eu simplesmente senti que não tinha esse direito...

Entretanto fui-te vendo a espaços, e sentindo que não me reconhecias como alguém que fazia parte da tua vida (vá, da vida dos teus pais) e sabes, não fazia mesmo... Sempre foste uma pedrinha no meu coração, daquelas que pesam ano após ano e que nós não sabemos como tirar... Sabes o que isso quer dizer? Quando chegares a ler isto certamente já saberás...


Quando te ia vendo brincar e saber os nomes de outras pessoas e percebia que era uma estranha, essa pedra ia aumentando de tamanho... e sempre achei que era uma estranha para ti...

Fui das primeiras pessoas a saber que estavas na barriga da mãe, sabias disto? Mas nunca te cheguei a sentir mexer lá dentro... saí da vida da mãe antes disso e depois fui-me mantendo assim, à distância a ver-te crescer e a chorar algumas vezes por nem me conseguir aproximar...

Curioso como foste tu que te aproximaste... Por isso para além de um ser pequenino és um ser muito especial... Espero que um dia o percebas... E espero também, agora que nos conquistámos um ao outro, que percebas que não foi por mal que não estive presente, mas simplesmente porque tinha medo de ser mandada embora...

Independentemente de toda esta confusão, foste o meu primeiro sobrinho e isso é um lugar muito especial...

Um dia quero dar-te um abracinho apertado e dizer: "Gosto muito de ti super-reguila"

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dias X

Um dia vou perceber o porquê de tudo o que está a acontecer agora!

Tudo o que acontece tem um motivo... o bom, o mau... ainda que agora muitas destas coisas me pareçam demasiado más, me façam sentir que estou novamente a ser forçada a crescer... um dia tudo isto faz sentido...

Hoje sinto como nunca o quanto a vida de quem amamos influencia a nossa, o quanto podemos sofrer com essas pessoas e por essas pessoas... aquela conversa do "choro contigo e sorrio contigo" é mesmo verdade... ok, já sabiam? Ainda bem, eu também, mas nunca o tinha sentido assim como agora...

Preocupa-me tudo o que está para vir... preocupa-me a estabilidade que vou ter que ter para o suportar... preocupa-me não estar a altura de todos os desafios que aí vêm...

E hoje, nem sei se estou feliz, se estou triste... Porque há dias assim, em que as boas noticias chegam e "aquela" pessoa não está aqui para a partilhar connosco... e isso dói... Mas um dia vou perceber porquê...

Hoje, fica esta dor e as lágrimas a caírem... Amanhã, quem sabe, o sorriso resolva vencer...

Porquês VI

"Viver aquilo que se busca e acreditar no que se escolhe esse deve ser sempre o segredo para vencer."

Era assim que devia ser, mas esta sociedade que tem a mania da hipocrisia e do "fazer parecer" estraga tudo... obriga-nos a viver segundo padrões que em nada nos fazem felizes... leva-nos a ter que ser aquilo que parece bem... 


Eu que sempre acreditei no Homem, começo cada vez mais a detesta-lo...


Se eu busco a felicidade e a harmonia então é isso que vou viver e se acredito que só o vou alcançar quando lutar por mim mesma, mesmo que para isso tenha que ir contra tudo e todos, então assim será... 


Ainda que dependa dos outros para algumas coisas, a vida é minha e quando acabar não volta, esta é a oportunidade que tenho para VIVER, para ser feliz, para ser EU... Eu, sou eu e não quem os outros querem fazer de mim...


Porque sou eu que terei que viver com as dores de seguir o que a sociedade me impõe eu escolho seguir o que eu quero!

Cafés III

Hoje foi um café combinado, desmarcado... esquecido... adiado 10 anos... e agora, agora voltas a pedir que aconteça, mas depois recuas...

Este café vai acontecer, sinto-o, não sei quando mais vai...É um café que espero com alguma ansiedade e muita curiosidade... 10 anos é muito tempo, sério que guardaste este "desejo" todos estes anos?

Imagino-o assim:
Vamos sentar-nos frente a frente com duas chávenas de café, num sitio qualquer agradável, com pouca gente e uma boa vista... vamos falar do que está a acontecer agora nas nossas vidas, até que um de nós dará sinal para se começar a falar do que podia ter acontecido e não aconteceu... E vamos falar disso com calma, provavelmente com a sensação de "história inacabada", na verdade "história inexistente"... o que acontecerá para além disso, não sei... tu dizes que vai acontecer alguma coisa... eu não sei... Mas também não te guardei por 10 anos...

Independentemente do que realmente aconteça, gostei de saber que me guardaste no teu pensamento todo este tempo e é bom imaginar este café... um dia vai acontecer, quem sabe mais cedo do que qualquer um de nós pensa...


sábado, 24 de setembro de 2011

cartas IV

Ternura é amar devagarinho, docemente. Dia a dia. Todos os dias.

"Esta frase traduz um bocadinho daquilo que sinto por ti... 

...amar devagarinho... para que não te assuste, para que não tenhas medo, para que te vás adaptando à minha presença e a mim, para que nos vamos moldando às necessidades de ambas... E é neste amar devagarinho que te vou conhecendo e reconhecendo, é deste forma que com outro olhar vou chegando a ti...

... docemente... apercebi-me que a doçura é mais tua que minha... a verdade e que eu deixei de ser tão doce, tão meiga como fui noutros tempos... acho que foi a vida que me transformou... claro que continuo a ter muito carinho, muita ternura... mas já não o mostro da mesma forma... já tu, passas-te a ser muito mais meiga do que foste noutros tempos e se por um lado isso me agrada, por outro deixa-me triste, porque eu já não consigo ser assim... talvez um dia o recupere...

... Dia a dia... assim tento, ainda que em alguns dias seja menos terna, também nesses dias te tento mostrar o quanto me és importante... e tento que sintas que a cada dia eu estou mais próxima, menos receosa e mais presente...

... Todos os dias... perto ou longe, mais visível ou menos visível... a minha ternura existe até nos dias em que me sinto desapontada ou magoada...

Fecha os olhos... respira fundo... venha o que vier será superado: devagarinho, docemente, dia a dia, todos os dias e contarás sempre com a minha ternura... 

Aqui, aí... ontem, hoje e amanhã... sempre ao teu lado..."

Cafés II

Café de encontro, reencontro, despedida, reflexão, conquista... um café pode ter todos estes e ainda outros motivos...

Cafés e beijos têm esse poder, podem ter milhões de significados...

Hoje sei que aquele foi um café de despedida, infelizmente não foi uma despedida serena ou nostálgica, foi antes uma despedida agitada, fria... Como é que o sei? Mexemos o café rapidamente e rapidamente as chávenas ficaram vazias, e mesmo depois de vazias ficaram entre nós...

Quando duas pessoas sentadas uma em frente à outra depois de beberem o café mantêm as chávenas à sua frente e não as desviam só pode ter duas razões: ou ainda não entendem qual a proximidade que ambos se permitem ou não querem mais essa proximidade... as chávenas ficam como barreira entre si.

Infelizmente entre nós a barreira é muito maior e muito mais intransponível que aquelas duas chávenas... E a barreira foi construída e é mantida por nós... se te causa dor, não sei, a mim causa... deixa-me triste não contigo, mas com a vida e com aquilo que fazemos com ela...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Partilhas XV

As pessoas entram na tua vida por:
uma "Razão", uma "Estação" ou uma "Vida Inteira".


«Quando percebes qual delas é, vais saber o que fazer por cada pessoa.

Quando alguém está em tua vida por uma "Razão"...
É geralmente para suprir uma necessidade que demonstraste.
Eles vêm para te auxiliar numa dificuldade, fornecer orientação e apoio, ajudar-te física, emocional ou espiritualmente.
Eles podem parecer uma dádiva de Deus, e são mesmo!
Eles estão lá pela razão porque tu precisa que eles lá estejam.
Então, sem nenhuma atitude errada da tua parte, ou numa hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para fazer essa relação chegar ao fim.
Às vezes essas pessoas morrem.
Às vezes simplesmente se vão.
Às vezes agem e forçam-te a tomar uma posição.
O que devemos entender é que as nossas necessidades foram atendidas, os nossos desejos preenchidos e o trabalho deles, feito. As suas orações foram atendidas.
E agora é tempo de ir.

Quando pessoas entram em nossas vidas por uma "Estação"...

é porque chegou sua vez de dividir, crescer e aprender. Trazem-te a experiência da paz ou fazem-te rir. Poderão ensinar-te algo que nunca fizeste. Geralmente dão-te uma quantidade enorme de prazer. Acredita! É real!
Mas somente por uma "Estação".


Relacionamentos de uma "Vida Inteira"...

Ensinam-te lições para a vida inteira: coisas que deves construir para ter uma formação emocional sólida. A tua tarefa é aceitar a lição, amar a pessoa, e colocar o que aprendeste em prática
em todos os outros relacionamentos e áreas da tua vida. 

E jamais esquecer ou maltratar um relacionamento de uma "Vida Inteira".
 
É dito que o amor é cego, mas A AMIZADE É CLARIVIDENTE.»

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Desabafos X

"e simplesmente confias em mim..."

É bom ler isto e melhor ainda é saber que o posso fazer de "olhos fechados". Mas, na verdade gostava de sentir que sou merecedora disso... e não sinto... 

Queria saber fazer as perguntas certas no momento certo... queria conseguir chegar dentro de ti... e não, ainda não consegui...

Queria dizer-te eu a ti "simplesmente confia em mim"... mas contrariamente ao que já te disse, não sei se o devias fazer... não sei... eu já falhei... sim, falhei... eu sei que não sonhas... mas falhei... e sinto-me "suja" por isso... pensei nem sequer contar-te, mas já não aguento sentir que te estou a mentir... Posso dizer-te que nunca mais o voltarei a fazer, posso dizer que me arrependo com todas as forças por aquilo que fiz... mas isso vale de quê? Não sei se mereço que confies em mim... não sei se mereço a tua amizade...
E é isto que me desequilibra... porque todos me julgam uma óptima pessoa e não sou... mesmo nada...

Não ia conseguir olhar para ti sem te dizer isto... 
 
"Quando o que sentimos se impõe... por vezes fazemos o que a sociedade diz que é incorrecto e aí... aí tudo muda... 
aí temos que estar conscientes da quantidade de guerras que compramos com isso... e temos que perceber se temos força para o suportar..."
Não faço ideia se tenho força suficiente, mas já não aguentava mais manter esta guerra interior de querer fazer-te falar e simplesmente não me sentir digna de ser ouvinte... é por isso que não sei até onde posso ir e o que posso perguntar...

Posso pedir perdão, mas será que o mereço?

Dias IX

Um dia vais ser apenas uma lembrança. Um lembrança nem boa, nem má... apenas alguém que conheci um dia...

Esse dia vai chegar, eu sei que sim... só não sei quando... mas vai chegar... 

Na verdade já não é igual, deixou de ser tristeza e revolta para ser desilusão. Passamos anos a dar-nos com alguém... na verdade a dar-nos a alguém e há um dia em que percebemos que não conheciamos essa pessoa.

Hoje sinto que realmente morreste, porque já não existe aquele homem por quem me apaixonei... hoje percebo o porquê de tudo o que aconteceu. E é verdade, tudo tem uma razão de ser, mais cedo ou mais tarde acabamos por descobrir o porquê. Eu tinha que perceber que não eras tu, não porque a vida nos afastou, mas porque tu não és quem eu achava... 

Aquela ferida aberta que sangrava dia após dia está a fechar, mas está mesmo... já nem me preocupa pensar se seremos ou não amigos, porque simplesmente não tenho vontade de falar contigo... não quero saber se estás aqui se do outro lado do mundo... porque para o meu coração é igual... aqui ou lá, estás longe, muito longe... 

O dia em que serás apenas uma memória distante está muito perto de acontecer...

domingo, 18 de setembro de 2011

História XII

Pega no telefone, escreve uma mensagem depois de pensar muito, envia a mensagem... 

Pousa o telefone em cima da mesa e vai até à cozinha buscar um copo com água, quando regressa já tinha recebido a resposta à mensagem que tinha acabado de enviar... no momento em que lê aquela resposta, pousa o copo e senta-se no sofá ali ao lado... fica a ler e reler aquela mensagem vezes sem conta... continua incrédula perante o que lê... continua sem acreditar no que se está a passar à sua frente.

Ela apenas queria informa-lo de que não tinha nada contra ele, de que continuava a guardar um grande carinho e a querer o seu melhor... que aquilo que tinha acontecido com eles não era sinónimo de rancor ou mágoa guardada... E ele informa-a que não quer mais saber dela, que não tem mais tempo a perder com crianças, com jogos, com pessoas que não valem a pena... 

Depois de ler vezes a fio aquela mensagem pensa ligar-lhe, pensa responder... mas pousa o telefone, vai novamente à cozinha, desta vez, abre uma garrafa de um bom vinho, coloca-o num copo, prepara um boa tosta com queijo, nozes, tomate e mais qualquer coisa que encontra no frigorífico e lhe parece ficar bem ali, coloca tudo num tabuleiro e volta à sala. Senta-se no sofá, liga a televisão, coloca um filme de que gosta e começa lentamente a saborear o vinho e a tosta enquanto vê entusiasmada aquela história a decorrer naturalmente na televisão à sua frente... o telefone toca... uma mensagem... não era dele... era "dela"... «apenas para dizer que ganhei»... Pois bem, pensa ela, ganhas-te o quê? Um homenzinho?! Espero que sejas feliz... Eu cá fico com o meu vinho, o meu sofá e em busca de um Homem que tenha a coragem de me Amar... Pensa mas não lhe responde...

Depois de terminar o vinho e o filme, pega no telefone e envia uma mensagem à sua melhor amiga onde escreve: JÁ ME CUREI... MAS SOZINHA FICAM SEMPRE CICATRIZES, AJUDAS-ME? 
Esta amizade dura há anos, e é ali que ela sempre encontrou o conforto e o alento nas piores horas... Hoje sabe que é mais um desses dias, em que lhe basta ler um "vai correr tudo bem"...


Na verdade a vida foi-lhe ensinado a relativizar os problemas e as perdas... hoje é mais forte e mais confiante... sabe que amanhã o sol voltará a nascer...

Cafés I

Nova categoria neste blog...


Gosto de café... de manhã, à tarde, ao fim da tarde, à noite... ao acordar, depois de almoço, depois de jantar... sozinha, acompanhada... um café é o pretexto para muita coisa...

Hoje apetece-me um café ao fim da tarde, numa explanada a ver o pôr do sol em Lisboa, sozinha...

Um café daqueles que levam horas... Hoje sinto a falta de estar sozinha, não uma solidão triste, mas uma solidão de REENCONTRO...

Hoje precisava de algum tempo só para mim onde conseguisse perceber tudo o que me está a acontecer e como é que devo lidar com isso daqui para a frente... sinto falta de ter com quem beber estes cafés... Sim, eu sei que disse que queria beber café sozinha... mas na verdade queria partilhar a mesa com alguém que apenas ali ficasse, sem perguntar, sem olhar... apenas partilhasse a mesa e o gosto pelo café... Já tive quem o fizesse comigo e por mim... agora já não tenho... Muitas vezes nem tenho com quem beber café quando simplesmente quero beber café com alguém...

E quando eu digo que sinto a falta de "ter alguém" é disto que falo... sinto falta de ter com quem beber estes e outros cafés, com quem ir ao cinema, com quem partilhar as lágrimas e os sorrisos... alguém que esteja sempre disponível para mim... e não julgo os amigos por não estarem, porque cada um tem a sua vida... e por mais importantes que sejamos uns para os outros somos elementos extras ao núcleo da nossa existência... no meu núcleo de existência falta-me alguém... alguém que me ligue a meio da tarde a propor um café depois de jantar... alguém a quem eu ligue ao amanhecer a propor um café depois de almoço... alguém que possa estar disponível para se dar e para me ter...

Hoje queria apenas isso... um café... com alguém especial... 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

cartas III

Já partilhámos tanta coisa, já dissemos tanta coisa certa e errada uma à outra... já chorámos juntas, já rimos muito... já nos magoámos uma à outra e a nós mesmas... 

Tive o privilégio de te ver amadurecer, de te ver mudar... nem sempre o acompanhei de perto e isso deixa-me triste. Não consegui partilhar os bons e os maus momentos contigo... Estive aqui sempre, mas não estive aí e essa é a grande questão da amizade...

Dizemos muitas vezes: "estive sempre aqui", e então? De que vale estarmos sempre aqui e os outros estarem lá? É lá que nós temos que ir e eu não fui... houve muitos momentos em que simplesmente me deixei ficar...

Hoje arrependo-me de algumas coisas, se tivesse feito diferente talvez tivéssemos evitado muita mágoa... mas se foi assim que aconteceu é porque assim tinha que ser.




Desculpa por ser assim tão inconstante... por duvidar algumas vezes, por ser mais bruta... desculpa por não perceber que precisas de mim, nem tão pouco o que posso fazer para te ajudar... Desculpa não ter estado "lá"... Desculpa ter-te deixado ir... Desculpa dificultar ainda mais aquilo que já está difícil... e desculpa por insistir para que te abras mais... 


Lamentavelmente a vida foi-me obrigando a criar defesas e capas, hoje estou muito mais de pé atrás... e não, a culpa não é tua, mas nem sempre consigo controlar este mecanismo de defesa que é a agressividade nas palavras...

Não te tive por perto durante muito tempo e agora custa-me querer ter-te e não poder ter o quanto gostava, mas com o tempo eu vou passar a aceita-lo com maior naturalidade.

Hoje quero que saibas que vou estar para sempre aí, e que a cada noite me levas contigo para te guardar o sono e que a cada manhã me levas para te dar força para mais um dia. Hoje passo a dizer "estou sempre aí" e não "estive sempre aqui"... 

Perdoa-me as minhas falhas e se algum dia sentires que te estou a abandonar acredita que não estou... que longe ou perto, estarei sempre (para sempre) aí ao pé de ti...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Desabafos IX

Apetece-me vestir qualquer coisa, sair para a rua, pegar no carro e ir a qualquer lado... qualquer lugar onde eu conseguisse chorar sem ser vista... onde conseguisse deitar fora toda esta dor que agora teima em não me deixar respirar normalmente...

Porque é que me fizeste isto?

Acho que te dei o que ainda me sobrava de confiança nas pessoas... Dei-me sem pensar muito, não me arrependo, de todo... simplesmente não entendo porque fizeste isto...

Estou cansada, verdadeiramente cansada...

Sabes, está a doer muito... e sabes porque? Porque já não sei viver sem ti... deixei o telemóvel o dia todo no carro para não ter a tentação de te enviar mensagem, simplesmente porque achei que não o devia fazer... porque precisava de tempo, de espaço, para perceber o que fazer... Mas a tua resposta há pouco deitou tudo por terra...

Porque é que me fizeste isto?

Mas é assim tão difícil as pessoas que amo manterem-se por mais de umas semanas? Custa assim tanto fazerem algum esforço para ficarem ao meu lado? Porque é que todos desistem? Porque é que todos me fazem acreditar que vale a pena e depois me viram as costas?

Pensei que ias ficar... disseste que ias ficar... parece que afinal não...

Vou ali fechar os olhos e ver se amanhã já não os abro...


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Partilhas XIV






"Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?

As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.

É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si, isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.

Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.

O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar."

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

domingo, 11 de setembro de 2011

Partilhas XIII

"Ama com paixão, Chora com vontade, Procura a verdade, Sê Honesto, Não desistas, Ri muito, Falha, Sorri com prazer, Pede perdão, Erra, Arrepende-te, Reencontra-te, Sonha, Luta, Emociona-te, Acredita, Perdoa, Sê sincero, Sê generoso, Grita, Recorda os amigos. Vive Apaixonadamente!!!" 
(a frase que quero na parede do meu quarto)


sábado, 10 de setembro de 2011

Dias VIII

Um dia vou ligar-te e perguntar: queres vir comer um gelado comigo depois de jantar?
 
Acho que esse dia ainda não é hoje... Por mais que tenha vontade de o fazer, e se tenho vontade... Hoje queria mesmo poder abraçar-te... Mas não vou criar-te essa frustração de te convidar e não poderes aceitar...
 
 
Não sei mais o que fazer... estou cansada, não de ti, não só de toda esta situação... mas da vida... 
 
Queria ter a coragem para parar a minha vida por uns meses e ir embora... realizar o meu sonho... ir... e depois, quando voltasse tudo estaria mais calmo e provavelmente eu já saberia o que fazer e como fazer...
 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Partilhas XII

Quando eu casar quero que seja aqui:


Caro noivo, vai juntando dinheiro porque não deve ser barato, mas eu quero aqui!

A quinta já está escolhida, o vestido também já está pensado... está quase tudo :p

Pormenor sem importância: não há noivo... xiu... ninguém tem que saber...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Cartas II


"Adeus...

Adeus aos sonhos, adeus à esperança, adeus a tudo... de nada vale continuar a lutar quando apenas perco... 
A vida é demasiado cruel. 
Passo a vida a perder os que amo sem tão pouco perceber porquê... sem poder fazer nada... simplesmente tenho que os deixar porque sim... porque a vida não me deixa outra alternativa.
Sinto como se eu fosse uma maldição...  como se depois de me aproximar das pessoas lhes causasse uma grande dor e lhes trouxesse um mundo de problemas.
Depois de olhar para tudo o que tem acontecido à minha volta o problema só posso ser eu, porque se repete com tudo e com todos dia após dia...

Não quero mais continuar nesta luta desgastante e que causa dor a tanta gente...

Desisto de viver... deixo-me ficar... deixo passar os dias... sozinha, em mim... sem ti... sem ninguém... longe dos outros não lhes causo sofrimento...

Talvez este seja o meu caminho, a solidão..." 

domingo, 4 de setembro de 2011

Histórias XI

Hoje ela voltou lá... ao local onde se encontraram na manhã daquele dia. 

Estacionou, saiu do carro, vestiu o casaco, fechou o carro e seguiu em direcção a uma rocha. Sentou-se virada para o mar. Fechou o casaco e cruzou os braços sobre o peito para o manter fechado. 

Há um ano estavam ali os dois naquele sitio, sentados lado a lado. Conversaram sobre tudo e sobre nada, perderam-se nas suas histórias que se tinham cruzado havia já alguns anos. Ali estiveram durante horas, os dois, esquecendo-se de tudo o que existia para além deles os dois. O telefone dela toca e é como se fossem novamente chamados ao mundo... Ela atende... Ele levanta-se e aproxima-se um pouco mais do mar... Ela desliga... Ele olha para ela... Ela baixa o olhar e diz-lhe apenas: "tenho que ir, eles estão à minha espera". Ele voltou a virar-se para o mar, ela levantou-se e foi em direcção ao carro... nunca mais se voltaram a ver.

Quando há um ano marcaram aquele encontro ela nunca pensou que ao fim de tantos anos de ausência ainda o amasse... Tinham tido uma história complicada, que chegara ao fim, tendo cada um seguido o seu caminho. Ela casou, já era mãe, ele mantivera-se solteiro. Durante anos deixaram de se ver, deixaram de se falar, sabiam um do outro por amigos comuns, mas sabiam o básico. Ele não esteve no casamento dela, ele não a viu grávida, nem tão pouco conhecia o seu filho. Numa das visitas dele a casa, encontraram-se por acaso e marcaram aquele encontro para pôr a conversa em dia... nunca pensando no que iriam sentir...

Hoje, ela voltou lá, na esperança de o encontrar, na esperança de que alguma coisa dentro de si tivesse mudado. Nada mudou. Durante este ano ela pensou várias vezes em procura-lo, em fugir da sua vida, em correr atrás daquilo que sente, mas não pode ser, a sociedade e a sua consciência não o permitem...

Agora que se levanta para se aproximar do mar, antes de se ir embora, olha em frente e vê escrito numa rocha: "uma história para sempre..." e por baixo a data daquela manhã e o nome dele... Aproximou-se da rocha, escreveu: "...construída sob uma grande esperança...", a data e o seu nome...

Voltou costas e regressou ao carro...

...

Ano após ano ali voltou e de cada vez que voltava havia uma nova frase dele... naquela rocha escreveram a sua história, vivida assim... marcada numa rocha, embalada pela música do mar, aquecida pelo voo das gaivotas...



 Um dia... voltarão a encontra-se... Um dia...

sábado, 3 de setembro de 2011

Dias VII

Um dia vou olhar para ti e vou dizer: mete-te na tua vida

Esse dia ainda não chegou, mas já esteve muito mais longe... mesmo muito mais longe... já nem te dás ao trabalho de ser cínica... já perguntas descaradamente a única coisa que te interessa... mais já nem te dás ao trabalho de dizer "desculpa, sei que és capaz de não querer falar disto"... nada... a única coisa que queres saber é se já houve sangue...

Pois fica sabendo de uma coisa (na verdade eu sei que nunca virás a ler este blog e ainda bem) a minha vida só me diz respeito a mim... e sim, temo-nos visto... e então, o que tens a ver com isso? Não, não estamos juntos, nem estamos de costas voltadas... surpreendida? Há pessoas assim, com capacidade de gostarem realmente umas das outras e n só darem-se por gostarem de se meter na vida dos outros...

É por estas e por outras que eu cada vez tenho menos vontade de estar em eventos como os de hoje ou onde tu estejas presente... o simples facto de lá estares tira-me logo a vontade de ir...

Acho que um dia alguém te vai descompor em praça publica... e para que saibas estou mais do que arrependida de há uns meses ter pedido a alguém para não o fazer... devia ter deixado...

Porque é que as pessoas não se metem nas suas vidas?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

porquês V

Às vezes desejas coisas que não podes ter...às vezes há perguntas que não vale a pena fazer porque já sabemos a resposta... nem sempre temos que sair de onde estamos para seguir em frente, basta olharmos em volta e reinventar o que já temos...


Desejo recomeçar, sentir que já me és indiferente, que o nosso passado está guardado dentro de uma caixinha e não vai saltar de lá de cada vez que te olho nos olhos... Não sei se tenho força para te manter na minha vida sem continuar a lutar por aquilo que, ainda, desejo... Não sei por quanto tempo vou conseguir segurar a parte dos meus sentimentos que não correspondes e dos quais não queres mais falar... não sei...
A ti, podia perguntar se te arrependes de algumas decisões que tomaste no passado, mas sem que o fizesse já me disseste que sim... podia perguntar-te se me queres manter na tua vida, mas eu sei que sim, não tens que responder... podia perguntar-te se gostas mesmo de mim como uma irmã... mas o teu olhar depois do nosso último almoço mostrou-me tão claramente que sim...
Aos dois quero dizer que vou seguir em frente, podem ter a certeza que vou... ainda não percebi muito bem como é que vou reinventar o que já tenho... por isso é que estou a fazer tanta asneira nos últimos tempos... esta coisa da tentativa e erros nem sempre corre bem...

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Preciso de me manter equilibrada e não estou a conseguir, isso tira-me do sério... gosto de controlar os meus passo e antecipa-los... hm... nos últimos tempos não tenho conseguido fazer nada disto... pior, tem sido o medo a comandar quase tudo... Avanço...fico com medo... recuo como um bebé... arranjo mil desculpas para ter recuado... acabo por revelar que tive medo... acabam por me compreender... e eu continuo na mesma...

O que mais me preocupa? Deixar que o medo passe a decidir tudo por mim... Medo de me magar, medo de falhar, medo de magoar alguém, medo de errar, medo de não ser capaz, medo... medo...medo...

Só preciso que saibam que me fazem falta independentemente das asneiras que tenho vindo a fazer...