quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Cartas V


"Hoje escrevo-te uma carta com música, essa é a vantagem de ser uma carta digital... Hoje senti-me especialmente feliz... é estranho, eu sei... Mas senti-me muito feliz. Acho que atingimos um ponto de cumplicidade incrível, acho que hoje chegámos lá...
A vida é feita de inicio e finais de encontros e desencontros e hoje acho que foi cheia de encontros. Senti que te encontraste contigo própria, que eu me encontrei em algumas coisas que andavam perdidas e mais que isso, encontrámo-nos uma à outra de uma forma muito bonita...

Sabes, na verdade acho que só hoje te perdoei... não te quis dizer, achei que te ia magoar, mas é a verdade. Foi hoje, hoje perdoei-te tudo o que aconteceu, e não não foi ao final da tarde, foi ali, dentro do meu carro, quando a minha voz tremeu, porque as lágrimas encheram os meus olhos... Hoje perdoei tudo o que me magoou, hoje fechei as feridas e não ficam cicatrizes, hoje sinto-me orgulhosa da escolha que fiz... hoje reencontrei um bocadinho de mim que andava perdido no caminho... Hoje sinto-me preparada para falar do que quiseres, do que foi bom e do que foi mau... hoje chegou o dia!


Quando olho para a minha vida, quando tenho que tomar alguma decisão que implica mudança para além de mim, tu estás também na lista de aspectos muito importantes a verificar... acho que nunca me fez tanto sentido a frase: "és eternamente responsável por aquilo que cativas"...  

Entraste há muitos anos, ficarás por muitos mais, hoje tenho a certeza que nada, nem ninguém destruirá isto... que nada, nem ninguém nos voltará a afastar... 

Hoje, é este o dia, que deves recordar... Como um dia de mudança...

Estou aí sempre, basta fechares os olhos e sentirás que tens a cabeça apoiada no meu colo e que as minhas mãos te afagam o cabelo...

GMT Mana do meu coração" 
 

Histórias XIII

Depois de uma longa conversa cheia de provocações na noite anterior, acorda com uma mensagem dele a convida-la para ir dormir lá a casa. Ela pensa se o deve fazer, mas precisa de provar a si mesma que pode ser feliz com outra pessoa... mal sabia como se estava a enganar.

Passa o dia a ansiar que chegasse a noite, tinham combinado tudo por alto. O dia passa, lentamente, chega a noite e nada... espera que ele lhe ligue, lhe envie uma mensagem, mas nada acontece. Até que o telefone toca e é ele.

Ele -"onde estás?"
Ela - "em casa, onde nos encontramos"...

E assim combinaram um ponto de encontro, ele foi busca-la, foram no carro dele até casa dele... 

Entraram, ele tinha passado os últimos dias fora de casa, por isso ela ajudou-o a organizar tudo e foram trocando algumas caricias e algumas recordações daquilo que foram as suas vidas na infância e na adolescência. Sim, conheceram-se já adultos e as suas origem era muito diferentes...

As horas foram passando, as músicas que ele lhe ia mostrando iam passando uma depois da outra... a casa ficou organizada e a musica ficou mais baixa... 

Passaram a noite juntos, sem promessas, ele disse-lhe dezenas de vezes naquela noite que não a queria magoar e que não iriam ter uma relação, mas ela queria provar a si mesma que conseguia ser feliz assim...

Mal passaram pelo sono, nas primeiras horas da manhã ela diz-lhe que não pode ficar até muito tarde... ele levanta-se vai tomar banho, volta e ela estava a dormitar enrolada nos lençóis... ele diz-lhe "princesa agora é que dormes?"... ela abriu os olhos, olhou para ele e sentiu que foi feliz naquela noite...

Ele levou-a a casa, deixou-a longe o suficiente para não serem vistos juntos. Depois dessa noite só voltaram a falar meses depois...

Ela descobriu que tinha perdido um bebé... Saber que tinha um ser dentro de si depois de já o ter perdido causou-lhe uma dor profunda, nunca lhe contou... viveu esta dor sozinha, dentro de si mesma... e a esta dor juntava a raiva de si própria por não se arrepender do que tinha feito aquela noite...

O tempo foi passando e hoje são amigos, ele não sabe o que aconteceu, não sabe nem nunca saberá que naquela noite conceberam uma criança que não chegou a nascer... não sabe que a história deles foi mais que umas saídas, umas conversas e uma noite... Nunca entenderá quando ela lhe diz que a amizade deles nunca será "normal"...

Hoje ele tem uma relação estável com outra pessoa e ela... Ela ainda está a tentar voltar a gostar de si mesma e a procurar forma de voltar a confiar nos outros... Já não tem raiva de si própria, só por de vez em quando ainda ter saudades dele... mas assim como vêm, vão... e fica-lhe o sabor amargo de sentir que pode nunca mais voltar a ter um ser dentro de si...


Crianças II

As crianças são todas muito diferentes umas das outras... hoje apetece-me escrever sobre uma em particular, desculpa não te ter pedido autorização, quando fores maior prometo que te mostro isto, combinado?

És um ser pequenino, vá mais ou menos pequeno... porque achas que a mini sou eu...

Sabes, sinto-me triste por não ter acompanhado estes teus primeiros anos de vida... Acho que te peguei ao colo uma vez...  isso magoa-me... Mas foi por minha culpa, não penses que a culpa foi dos papás, não foi... eu simplesmente senti que não tinha esse direito...

Entretanto fui-te vendo a espaços, e sentindo que não me reconhecias como alguém que fazia parte da tua vida (vá, da vida dos teus pais) e sabes, não fazia mesmo... Sempre foste uma pedrinha no meu coração, daquelas que pesam ano após ano e que nós não sabemos como tirar... Sabes o que isso quer dizer? Quando chegares a ler isto certamente já saberás...


Quando te ia vendo brincar e saber os nomes de outras pessoas e percebia que era uma estranha, essa pedra ia aumentando de tamanho... e sempre achei que era uma estranha para ti...

Fui das primeiras pessoas a saber que estavas na barriga da mãe, sabias disto? Mas nunca te cheguei a sentir mexer lá dentro... saí da vida da mãe antes disso e depois fui-me mantendo assim, à distância a ver-te crescer e a chorar algumas vezes por nem me conseguir aproximar...

Curioso como foste tu que te aproximaste... Por isso para além de um ser pequenino és um ser muito especial... Espero que um dia o percebas... E espero também, agora que nos conquistámos um ao outro, que percebas que não foi por mal que não estive presente, mas simplesmente porque tinha medo de ser mandada embora...

Independentemente de toda esta confusão, foste o meu primeiro sobrinho e isso é um lugar muito especial...

Um dia quero dar-te um abracinho apertado e dizer: "Gosto muito de ti super-reguila"

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dias X

Um dia vou perceber o porquê de tudo o que está a acontecer agora!

Tudo o que acontece tem um motivo... o bom, o mau... ainda que agora muitas destas coisas me pareçam demasiado más, me façam sentir que estou novamente a ser forçada a crescer... um dia tudo isto faz sentido...

Hoje sinto como nunca o quanto a vida de quem amamos influencia a nossa, o quanto podemos sofrer com essas pessoas e por essas pessoas... aquela conversa do "choro contigo e sorrio contigo" é mesmo verdade... ok, já sabiam? Ainda bem, eu também, mas nunca o tinha sentido assim como agora...

Preocupa-me tudo o que está para vir... preocupa-me a estabilidade que vou ter que ter para o suportar... preocupa-me não estar a altura de todos os desafios que aí vêm...

E hoje, nem sei se estou feliz, se estou triste... Porque há dias assim, em que as boas noticias chegam e "aquela" pessoa não está aqui para a partilhar connosco... e isso dói... Mas um dia vou perceber porquê...

Hoje, fica esta dor e as lágrimas a caírem... Amanhã, quem sabe, o sorriso resolva vencer...

Porquês VI

"Viver aquilo que se busca e acreditar no que se escolhe esse deve ser sempre o segredo para vencer."

Era assim que devia ser, mas esta sociedade que tem a mania da hipocrisia e do "fazer parecer" estraga tudo... obriga-nos a viver segundo padrões que em nada nos fazem felizes... leva-nos a ter que ser aquilo que parece bem... 


Eu que sempre acreditei no Homem, começo cada vez mais a detesta-lo...


Se eu busco a felicidade e a harmonia então é isso que vou viver e se acredito que só o vou alcançar quando lutar por mim mesma, mesmo que para isso tenha que ir contra tudo e todos, então assim será... 


Ainda que dependa dos outros para algumas coisas, a vida é minha e quando acabar não volta, esta é a oportunidade que tenho para VIVER, para ser feliz, para ser EU... Eu, sou eu e não quem os outros querem fazer de mim...


Porque sou eu que terei que viver com as dores de seguir o que a sociedade me impõe eu escolho seguir o que eu quero!

Cafés III

Hoje foi um café combinado, desmarcado... esquecido... adiado 10 anos... e agora, agora voltas a pedir que aconteça, mas depois recuas...

Este café vai acontecer, sinto-o, não sei quando mais vai...É um café que espero com alguma ansiedade e muita curiosidade... 10 anos é muito tempo, sério que guardaste este "desejo" todos estes anos?

Imagino-o assim:
Vamos sentar-nos frente a frente com duas chávenas de café, num sitio qualquer agradável, com pouca gente e uma boa vista... vamos falar do que está a acontecer agora nas nossas vidas, até que um de nós dará sinal para se começar a falar do que podia ter acontecido e não aconteceu... E vamos falar disso com calma, provavelmente com a sensação de "história inacabada", na verdade "história inexistente"... o que acontecerá para além disso, não sei... tu dizes que vai acontecer alguma coisa... eu não sei... Mas também não te guardei por 10 anos...

Independentemente do que realmente aconteça, gostei de saber que me guardaste no teu pensamento todo este tempo e é bom imaginar este café... um dia vai acontecer, quem sabe mais cedo do que qualquer um de nós pensa...


sábado, 24 de setembro de 2011

cartas IV

Ternura é amar devagarinho, docemente. Dia a dia. Todos os dias.

"Esta frase traduz um bocadinho daquilo que sinto por ti... 

...amar devagarinho... para que não te assuste, para que não tenhas medo, para que te vás adaptando à minha presença e a mim, para que nos vamos moldando às necessidades de ambas... E é neste amar devagarinho que te vou conhecendo e reconhecendo, é deste forma que com outro olhar vou chegando a ti...

... docemente... apercebi-me que a doçura é mais tua que minha... a verdade e que eu deixei de ser tão doce, tão meiga como fui noutros tempos... acho que foi a vida que me transformou... claro que continuo a ter muito carinho, muita ternura... mas já não o mostro da mesma forma... já tu, passas-te a ser muito mais meiga do que foste noutros tempos e se por um lado isso me agrada, por outro deixa-me triste, porque eu já não consigo ser assim... talvez um dia o recupere...

... Dia a dia... assim tento, ainda que em alguns dias seja menos terna, também nesses dias te tento mostrar o quanto me és importante... e tento que sintas que a cada dia eu estou mais próxima, menos receosa e mais presente...

... Todos os dias... perto ou longe, mais visível ou menos visível... a minha ternura existe até nos dias em que me sinto desapontada ou magoada...

Fecha os olhos... respira fundo... venha o que vier será superado: devagarinho, docemente, dia a dia, todos os dias e contarás sempre com a minha ternura... 

Aqui, aí... ontem, hoje e amanhã... sempre ao teu lado..."