quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Histórias XXXIV


Acordou cedo, resolveu ir andar na praia enquanto o sol aparecia no céu e todos dormiam em casa. Caminhou durante mais de uma hora junto ao mar. Fones nos ouvidos, a radio a dar as músicas de sempre e as notícias de um mundo que nem sempre se considera feliz. Mas a verdade é que na sua cabeça pairam ideias, imagens, palavras, e uma sensação que não consegue explicar. Pega no telemóvel, escreve uma mensagem que acaba por não enviar, porque há alguma coisa que a impele e outra que a impede de o fazer. Por um lado, tem vontade de o tentar conhecer, por outro tem medo das expectativas que pode começas a criar e do quanto poderá vir a sofrer com isso.

Volta a casa e está tudo quieto, pega na toalha, no seu livro e volta à praia, mas agora para se deixar iluminar por aquele sol que aquece mais um dia de Verão.
Estende a toalha, fica apenas com o biquíni, senta-se na toalha a ler… Assim que vira a pagina para começar um novo capitulo:

“Não te rias: o que mais falta me faz é conversar contigo. Imagino cruzar-me contigo num mercado buliçoso, apesar de não ir ao mercado. E decidimos almoçar, conversamos a beber margaritas; e depois voltamos para o teu hotel e conversamos mais um pouco, e conversamos na recepção do hotel até a Lua ir alta no céu e os empregados do hotel mudarem de turno e o gerente da noite nos expulsar. Quero conversar contigo, mas não faço a menor ideia do que teríamos para dizer.”

E pensa: “é isto” A verdade é que é exactamente isto que ela sente. Quer conversar com ele, queria estar horas ao lado dele a conversar, sem saber o quê, mas com a certeza de que não ficariam sem tema de conversa.

É difícil para ela mesma perceber como é que tudo isto está a acontecer tão rápido, mas tão claro e tão sincero ao mesmo tempo… Tem medo do que está a ser lido, sentido e pensado do outro lado.

Queria abrir os olhos e tê-lo ali ao seu lado, apenas para lhe dizer que ela também não lhe sabe dizer como, nem porquê, que tem medo do que está a sentir e de tudo o que rodeia esta situação, mas que ainda assim queria olha-lo, ver o seu sorriso, e conhecer uma alma que de alguma forma a tranquiliza e apaixona… 

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