segunda-feira, 30 de abril de 2012

Desabafos XXI

Há frases certas nos momentos errados e pelas pessoas erradas...

"Estás sempre com esse teu charme natural"

"Um homem com sorte será aquele que ficar contigo!"

Facilmente nos enchem o ego, nos deixam de sorriso no rosto... Mas quando ditas pela pessoa errada podem causar grande constrangimento e até mesmo alguma tristeza. Muitas vezes passa-se a vida à espera de ouvir algo assim e quando se ouve, olha-se para o lado e não é o príncipe encantado...  E não, não é erro de diagnóstico, é mesmo certeza de que por mais sincero que tenha sido o comentário ele apenas nos fez sorrir os lábios, não fez brilhar o nosso coração. 

A procura de alguém que nos faça brilhar o coração é por vezes difícil, mas recompensa, tem que recompensar... porque "ninguém perde sempre"... Um dia, quando menos se espera, ou mesmo quando já se desistiu de esperar, nesse dia, o coração começa a brilhar... 

Não sei quanto tempo o meu coração vai levar até conseguir brilhar, mas vou esperar que aconteça... eu mereço que aconteça... e vai acontecer!

sábado, 28 de abril de 2012

Partilhas XXXI

SENTIR
verbo transitivo
1.perceber por meio dos sentidos
2.experimentar (impressão física ou moral)
3.ter (sentimento, afeto)
4.ser afetado por
5.sofrer a ação de
6.ser sensível aressentir-se de
7.pressentiradivinhar
8.reconhecerverificar
9.compreenderapreciar
10.deixar-se impressionar por
verbo intransitivo
1.ser sensívelter sensibilidade
2.figurado ter desgostolamentar
verbo pronominal
1.ter a consciência do seu estadoreconhecer-se
2.imaginar-sejulgar-se
3.ofender-semelindrar-se
nome masculino
1.sensibilidade
2.sentimentoopiniãoperspetiva
(Do latim sentīre, «idem»)
Este verbo, como outros, abarca uma imensidão de significados. Para além de todos esses significados, há ainda a subjectividade do próprio sentir em si... dor, alegria, sofrimento, bem-estar, felicidade, amor, raiva... tristeza, saudade, ausência... cada um destes "sentires" é diferente para uns e para outros... Até para cada um o significado que dá ao seu sentir varia de acordo com diversos factores, idade, luminosidade, estado de ansiedade, entre tantos, tantos outros... 
No fim, apenas importa que se passe na vida sentindo, ainda que não se saiba definir o que se sente ou mesmo o que é sentir, mas sempre sentindo... Só assim as experiências fazem sentido... só assim nos marcam... só assim são o nosso "SER"... 
Sentir no tempo da vida o sentido da existência... o segredo para a plenitude... 

terça-feira, 24 de abril de 2012

Cafés XVII

Num final de tarde, de um destes dias de primavera é aqui que me vou sentar a beber café.

Sozinha?! Não sei... Gostava de ter alguma companhia, mas se não acontecer não me importo... este parece-me um sitio demasiado bonito e tranquilizador para não ser visitado.

Café com vista para o Guincho e uma boa companhia, que mais poderia fazer sentido no fim de uma semana de níveis de ansiedade altíssimos, e a anteceder uma semana de grandes eventos e grande exposição?

Alguém quer vir?

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Porquês XV

Às vezes a mesma notícia consegue deixar-nos muito felizes e muito tristes... 
Às vezes a mesma notícia consegue deixar uns muito felizes, outros muito tristes...
Às vezes a mesma notícia consegue ser o início e o final de um ciclo...

Notícia... resposta... Há momentos na vida em que esperamos "desesperadamente" pela notícia, pela resposta... é chegado o momento em que ela não chega e cai no esquecimento... e quando já lá está, quando já nada a lembra, ela surge... E com ela vem uma imensidão de lembranças, decisões, confusões... acima de tudo, uma grande desestabilização interior. 

Porque é que as alterações da nossa vida causam tanta resistência e são tão difíceis de acontecer? Porque é que não acontecem no momento em que as esperamos e nos fazem sentido, mas antes quando já as esquecemos?

É estranho que agora tenha medo, quando há uns meses era o que mais desejava... uma nova fase... um novo rumo.. o fechar de portas, o arrumar de lembranças, o evitar contactos dolorosos diários... e agora, quando vejo que isso pode estar tão perto de se resolver, simplesmente tenho medo... por tudo, por todos... pelas consequências a curto, médio e longo prazo... 

Apenas sinto que é um luto, que a ter que acontecer, vai custar a muitos, por razões diferentes e no momento errado... mas talvez, seja agora a fase de perguntar: Porque não?!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Erros III

Dias cinzentos são muitas vezes dias de transito e consequentemente de mais tempo par pensar. São, para muitos, dias de "neura"... 

Percebi, num dos poucos momentos de silêncio que tenho conseguido ter nos últimos tempos, que a maioria das pessoas fazem de conta que está tudo bem quando não está. Que todos nós já tivemos situações em que percebemos que alguém nos está a tratar de forma estranha e fazem todos de conta que está tudo bem. 

É errado fingir que não se passa nada, é errado esperar que o silêncio, que o tempo resolvam tudo, porque na verdade não resolvem. 

Percebi também que afastarmo-nos de alguém de quem, por um ou outro motivo, não podemos ficar próximos é errado. O afastamento não resolve nada, muito pelo contrário, silencia-o, fazendo que quando acontecer um reencontro tudo volta ao de cima de forma ainda mais intensa. 

Preocupa-me que a humanidade considere que basta dar "dois gritos interiores" e tudo se resolve. Há momentos em que temos que nos sentar e ter a coragem de dar som ao que pensamos e ao que sentimos para que depois adormeça sossegadamente em nós o que não pode ficar acordado.

Errado não é magoar alguém por lhe dizer o que sentimos, o que pensamos, o que queremos. Errado é magoar alguém pelo silêncio e pela tentativa de fazer parecer que nada se passa...

domingo, 15 de abril de 2012

Encontros X

Na vida encontramos diferentes obstáculos e hoje percebo que temos, pelo menos, 3 formas diferentes de os viver:

1) Seguimos em frente tentando ultrapassa-los a todo o custo, doa a quem doer;
2) voltamos-lhes as costas, desistindo;
3) olhamos em volta e procuramos forma de chegar ao local onde queremos por outro caminho.

Às vezes passamos pelas três opções em momentos diferentes perante o mesmo obstáculo. Primeiro tentamos vence-lo custe o que custar, cause as moças que causar. Quando percebemos que as feridas que essa opção está a causar são demasiado grandes, desistimos, virando as costas, tentado esquecer o obstáculo, a tentativa, as feridas... Mas há momentos, em que o que está do outro lado do obstáculo é tão importante, que percebemos que não podemos desistir... e simplesmente temos que encontrar outra forma de lá chegar. Outro caminho, outra estratégia...

A vida é isto, um encontro constante de dificuldades e uma procura de soluções para as mesmas. O problema, é que nem sempre a felicidade está no que está para lá do obstáculo mas sim no caminho, na escolha, nas tentativas... no que se vive até lá chegar... E às vezes, é importante que as moças fiquem, e que se vejam de vez em quando...  só assim nos lembramos do que sofremos para ser quem somos, do que nos custou o caminho e do quão fortes somos para, mesmo perante essas moças, estarmos inteiros frente àquilo que consideramos ser o melhor para nós.

Hoje encontrei a saída do caminho onde estive tanto tempo perdida... Talvez possa parecer estranho, mas estou serena... tranquila e estranhamente feliz... Acho que encontrei o meu ponto de equilíbrio, percebi que afinal o obstáculo era eu própria... já estou do outro lado... lado a lado comigo mesma e com a minha felicidade... 
 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Dias XX

Um dia as lágrimas vão ganhar!

Assumir mais uma responsabilidade, trabalhar num ideia nova, aceitar mais e mais trabalho... Durante semanas, que se têm convertido em meses é isso que tenho feito... trabalho, trabalho e mais trabalho. Esta semana devia ter parado, teoricamente estava de férias, mas não parei. Acho que trabalhei mais estes dias do que no conjunto das últimas semanas, mesmo longe do trabalho, não houve dia em que não estivesse uma a duas vezes ao telefone ou a finalizar documentos para enviar a quem está a trabalhar. 

Já é tarde, já começou um novo dia. E estranhamente, as lágrimas ganharam. Ganharam ao cansaço, ao sono, às dores físicas... simplesmente venceram tudo o que dia a dia as foi empurrando para planos profundos. 

Os últimos seis meses da minha vida são um conjunto de perdas e ganhos que não consegui digerir... As perdas têm sido proteladas dia após dia... A ideia de parar e pensar no que perdi, em como aconteceu, só a ideia me angustia. 

É verdade que tenho andado triste e isso é facilmente detectável no que tenho escrito, é verdade que a motivação para continuar a lutar é cada vez menos... mas hoje, hoje está a doer muito. Hoje sinto-me sozinha, sinto-me traída... por mim... desiludida, magoada... Pior que tudo isto, é que sinto tanto a falta de quem resolveu partir sem explicar o porquê de me abandonar assim de uma hora para a outra.Só precisava de saber o porquê para me tranquilizar. E por mais que digam que às vezes não há razão, alguma tem que haver para num momento sermos lembrados a cada instante do dia e pouco depois passarmos a seres inexistentes. 

Às vezes sinto como se algumas pessoas me tivessem enterrado sem terem dado tempo para tudo o que acontece entre a morte e o enterro. Quem sabe eu ainda tivesse a capacidade de recuperar?! Quem sabe eu não estivesse morta?! Sentir que me mataram dentro deles assim, é como sentir-me efectivamente a morrer aos poucos. Na verdade, nós vivemos, porque vivemos dentro dos outros, quando aos poucos eles nos começam a matar, quando aos poucos se começam a esquecer de quem somos, então o que fica?

Há uns anos, alguém me perguntava se eu tinha medo de ficar sozinha. Não, não tenho medo de ficar sozinha. Começo agora a sentir medo de ficar só. Tenho medo de morrer nos outros e simplesmente passar a existir. 
Porque em mim, em mim acho que já morri...

Histórias XXXI


Estiveram uns vinte minutos a conversar, enquanto ela fazia perguntas e ele lhe ia dando sugestões de quais as melhores alternativas de aplicações financeiras. Depois de chegar a uma conclusão, ficou de lhe enviar uns documentos em falta por email.

Ao final do dia, quando chegou a casa, começou a seleccionar os documentos em falta e enviou-lhos com um texto simples no email:
 
"Caro Dr. , seguem em anexo os documento em falta para finalização do processo.

 Grata pela sua disponibilidade" 

 Na manhã do dia seguinte, ao abrir a sua caixa de email entre as dezenas que tinha recebido entre a noite do dia anterior e a manhã, estava a resposta:

"Grato pela prontidão no envio dos documentos. Aguardo por si amanhã ás 19h no bar.
Até lá!"

Ficou confusa com aquela resposta e respondeu perguntando se o email seria mesmo para si. Ao que ele respondeu que sim, que tinha tomado a liberdade de a convidar para um café, utilizando para isso dados recolhidos enquanto profissional. Ficou assustada e agradavelmente surpreendida ao mesmo tempo.

Às 18h45 estava sentada na mesa do bar. Ele chegou, cumprimentou-a e disse apenas:

"Gostei de ti! Obrigada por teres vindo!"